Celebração dos 1700 anos do Concílio de Niceia (325) comentários ao Credo

(A Equipa de Liturgia da Capela do Rato organizou pequenos comentários a cada um dos artigos do Credo Niceno-Constantinopolitano.)

 

                Para celebrar os 1700 do concílio de Niceia (325) em que se declarou a divindade de Jesus, o Filho de Deus, «consubstancial ao Pai», a Equipa de Liturgia da Capela do Rato organizou pequenos comentários a cada um dos artigos do Credo Niceno-Constantinopolitano. Os mesmos tiveram lugar ao longo de seis domingos durante a celebração da eucaristia dominical. Agora são publicados na sua sequência, na esperança de poder ajudar a compreender e a viver melhor a fé que professamos no Credo.

                O momento da publicação dos comentários coincide com a recente visita do Papa Leão à cidade turca Iznik (antiga Niceia) para, numa celebração ecuménica com o Patriarca de Constantinopla e outros líderes cristãos, celebrar os 1700 do Credo de Niceia, expressão comum de fé que une todos os cristãos e todas as Igrejas.

 

Introdução

                Todos os Domingos, depois da homilia, proclamamos, juntos, o Credo.

                E se nos perguntássemos: Quem escreveu este texto? Há quanto tempo? Onde foi escrito? Por que razão se lembraram de o escrever?

                Este ano, de 2025, é a data certa para pensar estas questões, pois cumprem-se 1700 anos sobre o Concílio de Niceia (325) que nos legou esta herança – (ou, mais exatamente, uma importante base).

                Nesta primeira intervenção, deixamos apenas grandes linhas de referência, para enquadrar as reflexões futuras.

                Quem convocou o Concílio de Niceia? O Imperador Constantino que presidiu, pois, o Imperador desempenhava também a função de Pontífice Máximo.

                Porquê em 325? E porquê em Niceia? Estamos no rescaldo de grandes lutas civis, através das quais Constantino unificara um Império Romano que tinha estado dividido em quatro.

                Constantino estabelecerá uma nova capital, Constantinopla, na parte oriental do Império. Niceia, ali perto, era então o seu quartel-general e tinha bons acessos por mar.

                Quem participa no Concílio? De acordo com certa tradição, estariam presentes 318 Bispos, sobretudo da parte oriental do Império Romano. (A totalidade de Bispos seria, naquele tempo, cerca de 1800).

                Porque foi convocado o Concílio? As questões teológicas causavam tumultos e dissensões.

                Havia uma grande cisão causada pela doutrina de Ário, um padre de Alexandria, relativamente à natureza e à divindade de Jesus. Ário entendia que Jesus não era Deus, mas a primeira criatura de Deus, uma espécie de um deus menor.

                O que se pretende com o Concílio? O Imperador, que pretendia assegurar a paz e a unidade no seu Império, percebe que os graves desentendimentos entre cristãos ameaçam a coesão, não apenas da Igreja, mas também do Império. Impõe, em ordem à pacificação, que os Bispos procedam a uma unificação da doutrina, designadamente uma cristologia oficial que determinasse a natureza de Jesus.

                Qual é a conclusão do Concílio? Os padres conciliares trabalham sobre uma base já existente (pois existiam, nas assembleias cristãs, várias fórmulas, entre as quais o Credo batismal, em forma interrogativa). Niceia fixa as declarações dogmáticas referentes às pessoas da Trindade – e sobretudo, determina-se, com recurso à linguagem filosófica, que Jesus é Deus como o Pai, gerado, não criado – e da mesma essência ou substância: “consubstancial ao Pai”.

                Qual foi a grande importância de Niceia? Anteriormente, não existia uma doutrina estruturada nem “universal”. De Niceia saiu uma prescrição mais exata, e imposta às assembleias cristãs.

                O que ficou por resolver? O mistério da Trindade não ficou esclarecido na totalidade: a relação de Jesus com o Pai ficou fixada, mas a relação com o Espírito Santo continuou a gerar grandes discussões teológicas.

                E como se resolveu? Realizando-se um segundo Concílio, 56 anos depois, em Constantinopla, em 381. Quem o convoca? O Imperador Teodósio, que no ano anterior declarara o cristianismo como religião oficial do Estado.

                Quais são os contributos desse Concílio para o Credo?

                No Concílio de Constantinopla determina-se, com recurso à linguagem bíblica e litúrgica, que o Espírito Santo é Senhor que dá vida – e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Para além disso, afirma-se a completa humanidade de Jesus Cristo (que suscitara, entretanto, muitas discussões). Reforça-se também a ideia de uma Igreja una, santa, católica e apostólica.

                Então o Credo foi definido em várias etapas? Sim. Depois de uma fase com vários “credos” antigos e localizados, entre os quais o Credo Batismal, o Concílio de Niceia, em 325, fixou um Credo destinado a todas as Igrejas e que depois foi complementado no Concílio de Constantinopla, em 381.

Em síntese…

                O que rezamos é, portanto, o Credo Niceno-Constantinopolitano, fórmula oficial na liturgia católica e comum, praticamente, a todas as Igrejas cristãs.

Creio em Deus Pai

                Como imaginamos Deus Pai?

                É relativamente fácil imaginar como seria Jesus Cristo e mesmo, no caso do Espírito Santo, já devemos ter sentido, por diversas vezes, a Sua força e inspiração.

                Mas como será para nós Deus Pai?

                Estará naquela chama que comove o nosso coração? Estará na sarça ardente que não se consome? Estará naquela brisa suave que nos refresca? Estará na beleza de um nascer do sol?

                Estará na grandeza de um arco-íris em dia de sol e de chuva? Estará numa noite calma com o firmamento polvilhado de estrelas? Estará na luz de uma vela que nos ilumina na escuridão?

                Santo Agostinho dizia que cantar é rezar 2 vezes, pelo que, para definir quem será Deus Pai, irei cantar pequenos trechos de músicas cantadas nesta Capela do Rato.

♫Quando Deus criou a terra, era Deus amenidade
Veio o homem veio a guerra, as mil vozes da cidade
Esculpimos Deus em pedra, mistério do nosso mal
Jesus Cristo veio à terra, Deus saiu do pedestal.

♫Deus é nosso Pai, deixai-O entrar, Deus é nosso Pai, deixai-O entrar
Deus é nosso Pai deixai-O entrar, abri-vos ao Senhor
Deus está nos irmãos deixai-O entrar,
Deus está nos irmãos deixai-O entrar, abri-vos ao Senhor.

♫Cremos em Vós ó Deus, cremos em Vós
Ó Pai que estais nos Céus, olhai por nós
Sois nosso Deus Senhor, sois nosso Deus
A nossa força e luz, todo o nosso bem.

♫Quando eu quero falar com Deus, eu apenas falo
Quando eu quero falar com Deus, às vezes me calo
E elevo o meu pensamento, peço ajuda no meu sofrimento
Ele é Pai, Ele escuta o que pede o meu coração.

♫Quanta paz …… quanta luz
Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a Ele conduz
Deus é Pai …… Deus é Luz
Deus nos fala que a Ele se chega seguindo Jesus.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo

                O Credo Niceno-Constantinopolitano proclama com solenidade quem é Jesus Cristo e o que Ele realizou pela nossa salvação.

                Ao professarmos: «Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai», proclamamos a nossa fé num Deus único, o Senhor, o Salvador e o ungido de Deus, o Messias.

                É sabê-lo Filho único de Deus, gerado exclusivamente pelo Pai antes da sua condição humana e temporal, existindo desde sempre, antes do próprio universo existir. Jesus não é uma realidade nova, diferente do Criador.

                Deus Pai gera Jesus, comunica a sua própria vida a alguém da mesma natureza, tornando-se assim Deus como o Pai. É, portanto, da mesma substância ou natureza divina que o Pai, mas é também consubstancial a nós. Tudo o que o Pai é, o Filho é, reconhecendo que, em Jesus, o próprio Deus veio ao nosso encontro. Jesus é verdadeiramente Deus connosco.

                Ao proclamarmos «Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez Homem» anunciamos o amor divino por nós: O Filho eterno abaixou-Se à nossa condição humana para nos erguer.

                O mistério da Encarnação é este profundo mergulho de Deus na história humana – pelo poder do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria de quem recebe a condição humana, Deus fez-Se homem, sem deixar de ser Deus. Jesus é plenamente divino e plenamente humano. Ele uniu-Se à família humana para nos salvar por dentro.

                Ao fazermos profissão de fé em “Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; e subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai. De novo há de vir em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim» situamos a obra salvífica de Cristo em coordenadas concretas: Ele foi crucificado sob Pôncio Pilatos, um governador romano, mostrando que a redenção aconteceu realmente num lugar específico da história.

                Por nós desceu dos céus e também por nós foi crucificado. A cruz, sinal de escândalo e de loucura para o mundo, é, portanto, para nós trono de amor. Padeceu, morreu e foi sepultado, partilhando até ao extremo a nossa condição mortal. Contudo, a morte deixa de ser o fim – torna-se passagem.

                Ao terceiro dia, a vida triunfou sobre a morte! A Ressurreição de Cristo é, sem dúvida, o maior e mais radical acontecimento da história da humanidade e está no centro da nossa fé cristã. A vida de Jesus não termina na cruz — é transfigurada em glória. O Ressuscitado não abandona o mundo, mas habita-o de forma nova, derramando sobre nós o seu Espírito, que vivifica, que guia, que renova todas as coisas. É a ressurreição o termo do caminho de Jesus e não a cruz e, por Ele, é também o nosso termo, pois é nossa esperança participar da plenitude da vida e da realização de Jesus ressuscitado.

                Jesus sentado à direita do Pai é a imagem de comunhão: a nossa humanidade, assumida por Cristo, está agora junto de Deus. Ele é o nosso intercessor. Também pela virtude da esperança nos voltamos para “Aquele que há de vir em Sua glória”, em oposição à Sua primeira vinda. E n’Ele justiça e misericórdia encontram-se, transformando o juízo final não em condenação, mas em revelação. No Seu olhar veremos a verdade das nossas vidas e nesse olhar de amor seremos transformados.

                O Reino de Deus não é o céu, é uma realidade não visível, escatológica, já iniciada, mas ainda não consumada, já experimentada através de sinais interiores de paz, alegria, ânimo, confiança, liberdade… e sinais sociais de reconciliação, inclusão, partilha e fraternidade. Este reino que Jesus inaugurou, que o Espírito Santo trabalha na história, que tem o seu epílogo no juízo final e cujo Rei é o próprio Jesus, não terá fim, é eterno, é para sempre: o domínio absoluto e definitivo do amor de Deus sobre o universo, a natureza e a história.

                Assim cremos, professamos e esperamos: que o mesmo Jesus, que desceu até à nossa humanidade, nos conduza à plenitude da vida. Que, unidos a Ele, possamos um dia contemplar o rosto de Deus face a face, quando o céu e a terra forem um só no amor eterno!

Pentecostes, pintura de El Greco, início do séc XVII, Museu do Prado

Creio no Espírito Santo

                Começamos com uma breve introdução aos artigos do Credo de Niceia-Constantinopla sobre o Espírito Santo. Depois, partilhamos com simplicidade algumas reflexões nossas sobre o Espírito Santo.

                O I Concílio de Niceia-Contantinopla (325;381) fixou o texto sobre o Espírito Santo, tal como ainda rezamos na missa, 1700 anos depois. O Credo anterior, o Símbolo dos Apóstolos, afirmava somente: Creio no Espírito Santo.

                O Concílio de Constantinopla desenvolve assim, a afirmação de fé no Espírito Santo: «Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai (o Ocidente, no séc. VIII, juntará e do Filho) e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas».

                Com esta sequência, terminaram os debates sobre a divindade do Espírito. Confessa-se o Espírito, como Santo por natureza, no mesmo plano que o Filho, e como aquele que comunica a vida divina.

                Agora, para nós hoje, o que dizer sobre o Espírito Santo? Enquanto cristãos, leigos e buscadores de Deus, partimos do que julgamos ser o entendimento da maioria. Usamos termos nossos, simples, ainda que se trate de uma realidade complexa, só compreensível à luz da Fé…

                Ocorre-nos a expressão popular “espírito santo de orelha”, lembrando aquela ajuda na escola, aquela voz que surge na hora certa, quando sentimos dificuldades. Acreditamos que o Espírito Santo é o dom, a graça que nos é transmitida por intercessão de Deus Pai e que nos ajuda a entender e a discernir… quer o caminho a seguir, quer a boa decisão a tomar em situações concretas do nosso quotidiano.

                Desta forma, invocar o apoio e a ação do Espírito Santo é pois, confiar que Deus Pai está sempre ao nosso lado e envia-nos esse dom inspirador, tão fundamental na nossa vida, sobretudo quando nos sentimos impotentes e perdidos, ainda assim, confiantes na misericórdia de Deus.

                Invocar o Espírito Santo talvez tenha alguma coisa a ver com o tal “espírito santo de orelha” … mas, agora é o Espírito de Jesus que vive, acompanha, sofre e permanece para sempre com a humanidade inteira.

                É o Espírito Santo de Deus quem nos ensina a rezar, a louvar e a bendizer, para entrar na dança da glória e da eterna adoração a Deus.

 

“Creio na Igreja. Professo um só Batismo”

                «Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só Batismo, para remissão dos pecados.»

                Ao professar fé na “Santa Igreja Católica”, o Credo não se refere a uma instituição específica, mas à realidade espiritual e universal da comunidade dos fiéis em Cristo. A palavra “católica”, do grego katholikós, significa “universal”, e expressa a abrangência da Igreja como corpo místico de Cristo, que transcende fronteiras geográficas, culturais e confessionais.

                Contudo, a história da Igreja revela que essa unidade sempre foi um desafio. Desde os primeiros séculos, surgiram divisões significativas:

  • Em 451, a Igreja Ortodoxa Copta separou-se após o Concílio de Caledónia, o Quarto Concílio Ecuménico que definiu a doutrina da união hipostática, afirmando que Jesus Cristo é uma única pessoa com duas naturezas, a divina e a humana, que são inseparáveis, sem confusão, imutáveis e indivisíveis
  • Em 1054, o Grande Cisma dividiu a cristandade entre a Igreja Ocidental (latina) e a Igreja Oriental (grega ortodoxa).
  • No século XVI, Martinho Lutero liderou a Reforma Protestante, dando origem a múltiplas tradições reformadas.

 

                Hoje, estima-se que existam mais de 30 mil denominações cristãs no mundo. Cerca de metade dos cristãos identificam-se como católicos romanos, e a outra metade distribui-se por protestantes e ortodoxos.

                Apesar das divisões históricas, o Credo afirma uma verdade profunda: todos os cristãos, independentemente da sua tradição, são chamados a formar um só corpo em Cristo. A Igreja é santa não por causa da perfeição de seus membros, mas porque é amada por Deus e santificada pela ação do Espírito Santo. A santidade da Igreja é um dom, não uma conquista humana.

                Como afirma o apóstolo Paulo: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos.” (Efésios 4:4-6)

                Crer na Igreja e no Batismo é reconhecer que, mesmo na diversidade, existe uma comunhão espiritual que nos une em Cristo. É também professar que a fé cristã não é uma construção humana, mas uma resposta ao chamamento divino que nos convoca à unidade, à santidade e à missão apostólica.

Creio na Vida Eterna

                O Credo Niceno-Constantinopolitano termina proclamando a esperança cristã na vida eterna:
«Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir».

                O Credo chamado Símbolo dos Apóstolos fá-lo de forma mais curta: “Creio na ressurreição da carne, na vida eterna”.

                Assim relembrando a passagem do Evangelho de S. João “E a vontade de Meu Pai é esta; que todo aquele que vê o Filho e acredita n’Ele tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6:40)

                Este é um dos maiores desafios à nossa fé: crer na ressurreição dos mortos. Acreditamos que a vida não acaba por aqui, que há algo mais. O nosso Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos, criou-nos e desejou-nos para a vida desde a eternidade. Acreditamos que a vida em Deus se torna eterna.

                Ao longo da nossa vida terrena, passamos por várias mortes. Morremos quando olhamos para nós e nos vemos sem saídas para os grandes dilemas da nossa existência, morremos quando deixamos que o nosso orgulho sufoque a nossa capacidade de amar. Em cada uma dessas mortes o Senhor estende-nos a mão e manda-nos sair do sepulcro. Deus nunca se cansa de nos reerguer, nós é que nos esquecemos de segurar a mão de Deus para nos levantarmos.

                A nossa vida não se limita à nossa passagem pela terra. Acreditamos que a vida continua na ressurreição para a vida eterna onde viveremos em comunhão com todos os que já partiram.

                Acreditamos que o Senhor não nos retira aqueles que amamos através da morte, mas permite-nos continuarmos em comunhão com eles no coração de Deus.

                Esperamos a vida do mundo que há de vir. Um mundo no qual veremos o Senhor face a face, livres de todas as nossas sombras e da nossa condição mortal, em comunhão com Deus e com todos os Homens.

                Terminamos lembrando o nosso Papa Francisco que recordava: “A vida não acaba, apenas se transforma”.

A Equipa de Liturgia:
Ana Lúcia
António Chaves Costa
Isabel Vale
Joaquim Fragoso
Pepe
Rita Ramalho Ortigão
Rodolfo Knapic
Sofia Távora
Teresa Knapic

 

Concilio de Niceia – ano 325 – comentários ao Credo (PDF)