25.07.2025

Tradução livre para português

Curiosidades da Bíblia: A cidade de Jerusalém

Situada sobre o Monte de Sião, transformou-se na utopia da “Nova Jerusalém”.

 

Padre José Inácio de Medeiros, cssr – Instituto Histórico Redentorista

Nenhuma cidade do mundo recebeu tanta evidência, seja pelo sentido religioso, político, ou pelos desafios da violência e da tensão que lá se viveu e vive, como a cidade de Jerusalém, atual capital religiosa do moderno estado de Israel.

Os principais acontecimentos da vida de Jesus Cristo centram-se nesta cidade, considerada a capital religiosa de quatro grandes religiões. A comunidade cristã, que nasceu em Jerusalém com os eventos da Páscoa e do Pentecostes, transformou-se na comunidade mãe do cristianismo.

A origem histórica

Os historiadores têm bastantes dificuldades em localizar a origem histórica da cidade de Jerusalém e o conhecimento, a respeito de seus primeiros habitantes, é bastante limitado. As maiores cidades da região conhecida como Terra de Canaã, surgiram cerca de 3200 anos antes de Cristo, mas não é possível precisar com exatidão quando apareceu a cidade de Jerusalém.

 

Por volta do século XX a.C., a região de Canaã recebia forte influência do Egito, a grande potência de então, influência mantida até ao século XV a.C. Foi o povo hurrita quem invadiu a região, exercendo influência sobre Jerusalém. Um século mais tarde, aconteceram diversas guerras entre as cidades-estado cananeias e seu poder foi diminuindo. Como os egípcios estavam mais preocupados com os problemas internos, outro povo, os jebuseus, aproveitou para se estabelecer em Jerusalém onde ficou até o até o ano 1000 a.C. mais ou menos. Foi então que o povo hebreu, liderado pelo rei David, conquistou a cidade.

 

 

O apogeu e a decadência da Cidade Santa

Depois da escravidão no Egito e da Era dos Juízes que ajudaram o povo a reconquistar a Terra de Canaã, na Era dos Reis, o povo hebreu viveu o apogeu da sua história com os reis Saul, David e Salomão.

David conquistou Jerusalém. A cidade foi posteriormente engrandecida por Salomão, famoso pela sua sabedoria e pela construção do Templo, do qual restam hoje apenas os alicerces. Como expressa o salmo, visitar Jerusalém era o sonho de todo e qualquer judeu:

“Que alegria quando me disseram: Vamos para a casa do senhor e agora os nossos pés já se encontram às tuas portas, ó Jerusalém!” salmo 122

Após Salomão o reino dividiu-se, decaiu, sendo sucessivamente dominado por povos estrangeiros. O cativeiro da Babilónia, por exemplo, marcou duramente a histórica do povo hebreu. Quando Jesus nasceu, a cidade de Jerusalém e a atual Palestina, dominadas pelos romanos, foram transformadas numa das suas províncias. No ano 70 d.C. Jerusalém foi destruída pelos romanos depois de uma revolta, sendo transformada numa cidade pagã e rebatizada com o nome de Aedes Capitolina.

A cidade permaneceu dominada até o ano de 476 d.C., quando aconteceu a queda e a desagregação do poderoso Império Romano do Ocidente. Com isso, a cidade passou a ser pertença do Império Romano do Oriente, conhecido como Império Bizantino, com a capital em Constantinopla.

O controle e o poder dos bizantinos sobre Jerusalém terminaram quando a cidade foi conquistada pelos muçulmanos, mas apesar da conquista, os judeus e os cristãos obtiveram o direito de continuar com a prática das suas religiões, desde que pagassem um imposto e não oferecessem resistência.

A cidade de Jerusalém foi mantida como propriedade de diversos califas. Houve alternância de períodos mais duros e outros de maior liberdade para os judeus e para os cristãos até que, na Idade Média, em 1095, o Papa convocou as cruzadas para libertar a Terra Santa e a cidade de Jerusalém das mãos dos muçulmanos. Ao todo foram realizadas sete cruzadas que, no geral, fracassaram em todos os seus objetivos.

Após trocar de mãos várias vezes é em 1517 que Jerusalém foi conquistada pelos otomanos que lá permaneceram até 1917. Depois chegaram os ingleses e outras potências europeias que dominaram e dividiram não apenas a Palestina, mas todo o Médio Oriente.

A cidade de Jerusalém nos dias de hoje

Desde a destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C. os judeus espalharam-se pelo mundo num processo conhecido como Diáspora. Em cada cidade onde se estabeleciam, formavam um bairro fechado, como o de Varsóvia que foi destruído na Segunda Guerra Mundial.

Em 1948, no contexto do final da Segunda Guerra e da reorganização política do mundo, os ingleses influenciaram as votações nas Nações Unidas que permitiram a criação do Novo Estado de Israel e o retorno dos judeus espalhados por todo o mundo e que haviam sofrido imenso com o grande holocausto na Segunda Guerra.

Começava, então, um novo capítulo na história da cidade e da região que vem até os nossos dias. Hoje, a cidade de Jerusalém continua a ser a cidade que alberga no seu interior a presença das quatro grandes religiões: judeus, muçulmanos, cristãos romanos e cristãos ortodoxos.

A cidade de Jerusalém mantem, pois, o simbolismo (infelizmente apenas o simbolismo) de ser a terra tão sonhada de todos, um lugar de paz, de justiça e de igualdade. É por isso que, não apenas os judeus, mas todos nós, continuamos a sonhar com a Nova Jerusalém, como expressa o Livro do apocalipse:

“Em breve eu virei! Guarde o que tem, para que ninguém tome a sua coroa. Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce dos céus da parte de Deus; e também escreverei nele o meu novo nome. (Apocalipse 3,11-12).

 

Curiosidades da Bíblia 9 – A cidade de Jesusalém (PDF)