22.08.2025

Tradução livre para português

 

Curiosidades da Bíblia: A cidade de Nínive

A cidade de Nínive, de potência regional à decadência cantada pelo profeta. As conquistas dos assírios que os levaram a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates.

 

Padre José Inácio Medeiros, CssR – Instituto Histórico Redentorista

A cidade de Nínive é uma das mais antigas e populosas da antiga Assíria. Localizada na Mesopotâmia, no atual Iraque, foi uma poderosa e importante metrópole da antiguidade. Localizada na margem leste do rio Tigre, em frente à moderna cidade de Mosul, Nínive desenvolveu-se sob os reinados dos reis Senaqueribe e Assurbanípal no século VII a.C… Porém, passado pouco tempo, entrou em decadência sendo sucessivamente dominada

No tempo da glória o profeta Jonas, do reino de Israel que viveu por volta do século VIII a.C. foi chamado por Deus e enviado a Nínive para clamar pela sua conversão, alertando os seus moradores de um iminente castigo divino.

 

1A palavra do SENHOR foi dirigida pela segunda vez a Jonas, nestes termos: 2«Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade e apregoa nela o que Eu te ordenar.» 3Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do SENHOR. Nínive era uma cidade imensamente grande, e eram precisos três dias para a percorrer.4Jonas entrou na cidade e andou um dia inteiro a apregoar: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.» 5Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor. 6A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o seu manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.7Em seguida, foi publicado na cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas não comam nada, não sejam levados a pastar nem bebam água. 8Os homens e animais cubram-se de roupas grosseiras, e clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos. 9Quem sabe se Deus não se arrependerá e acalmará o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos?» 10Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho, e, arrependendo-se do mal que tinha resolvido fazer-lhes, não lho fez. (Jonas, cap. 03).

Glória e decadência de Nínive

As conquistas dos assírios levaram-nos a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates. As suas cidades mais importantes estavam situadas no território do atual Iraque.

O seu poder dependia, quase que inteiramente, da força militar. O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia as campanhas militares. Embora fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome, por isso, as ambições e intrigas foram sempre uma ameaça para a vida do governante. Essa debilidade na organização e na administração do império será a maior responsável pela sua desintegração e colapso.

O fim do império ocorreu no ano de 612 a.C., quando o exército, comandado pelo último rei foi derrotado por uma coligação militar formada pelos caldeus e medos, povos vizinhos ao Reino Assírio. Com a derrota, a cidade de Nínive foi destruída e todo o Império Assírio caiu sob a dominação do Segundo Império Babilónico.

O império, todavia, haveria de reerguer-se a partir de 1.300 a.C. tendo perdurado até 612 a.C., legando à história características importantes, entre elas, a sua “máquina de guerra” muito eficiente a que se juntava uma elevada organização funcional. Foi através dela que os assírios conseguiram submeter várias civilizações da Mesopotâmia. Os métodos de tortura e o destino dos derrotados como a prática do empalamento dos adversários criavam enorme medo nos inimigos.

São dois os seus governantes mais destacados cujos feitos se centram no facto de terem levado a civilização ao apogeu:

            Senaqueribe (704–681 a.C.): Sob seu reinado, Nínive foi transformada numa das maiores cidades do mundo antigo, com um sistema avançado de aquedutos, jardins, palácios e templos. Construiu um imenso palácio, conhecido como o “Palácio sem Rival”, decorado com relevos detalhados que narravam as suas campanhas militares e os seus maiores feitos.

            Assurbanípal (668–627 a.C.):  Neto de Senaqueribe, Assurbanípal, é famoso por ter criado uma das primeiras bibliotecas do mundo, a Biblioteca de Nínive. Nela se encontrava uma coleção monumental de tábuas de argila, escrita em escrita cuneiforme. Continha, ainda, textos literários, científicos e administrativos, incluindo a épica de Gilgamesh.

Descobertas Arqueológicas

 

Entre 1845 e 1851, foram realizadas várias escavações que revelaram os restos da antiga cidade de Nínive, trazendo à luz do dia os seus palácios, a grande muralha que cercava a cidade, portas monumentais e a famosa Biblioteca de Assurbanípal.

Nos dias de hoje, o sítio arqueológico de Nínive encontra-se ameaçado tanto por conflitos regionais quanto por atividades humanas, como a expansão urbana de Mosul. A destruição causada pelo Estado Islâmico, que danificou partes significativas do local, representa uma perda irreparável para o patrimônio histórico global. No entanto, esforços contínuos de arqueólogos e historiadores visam preservar o que resta deste testemunho da antiga civilização assíria.

Nínive, portanto, permanece como um símbolo da ascensão e queda das grandes civilizações, mostrando tanto a grandiosidade da história humana quanto a fragilidade do seu legado.

 

Curiosidades da Bíblia 12 – A cidade de Nínive (PDF)