
19.09.2025
Tradução livre para português
Curiosidades da Bíblia: As muralhas de Jericó
As muralhas de Jericó eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, localizada a apenas 25 km de Jerusalém.
Padre José Inácio de Medeiros, cssr – Instituto Histórico Redentorista
Comunidades e paróquias de várias partes do mundo costumam realizar o hoje chamado “Cerco de Jericó” que relembra o momento em que os israelitas, depois de sua longa caminhada pelo deserto, cercaram e conquistaram a cidade depois de vários dias de batalha.
A história da queda das muralhas de Jericó, apesar de ser uma das passagens mais conhecidas da Bíblia também não tem uma comprovação histórica. Esta não era a preocupação maior dos escritores sagrados, tendo um significado simbólico para os israelitas e representando a vitória da fé sobre os obstáculos humanos, a fidelidade de Deus às suas promessas e a necessidade de obedecer aos seus mandamentos. Além disso, esta história mostra que Deus pode usar de pessoas improváveis, como Raab, para cumprir os seus propósitos.
Além da sua importância histórica e religiosa, as muralhas de Jericó são um marco do desenvolvimento humano. Representam uma das primeiras expressões de projeto urbanístico e engenharia na história da humanidade. Construídas com recursos locais e técnicas rudimentares, são testemunhos do esforço coletivo de uma sociedade que já compreendia a necessidade de proteção, organização e infraestrutura. Mais do que estruturas físicas, as muralhas de Jericó simbolizam a transição de comunidades nómadas para sociedades sedentárias e urbanas, marcando o início de uma nova era na civilização humana.
As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, localizada a apenas 25 km de Jerusalém. A cidade é considerada uma das mais antigas do mundo e as evidências arqueológicas da ocupação humana datam mais ou menos do ano 8 mil a.C.
As suas muralhas foram construídas em diferentes períodos da história e, a mais famosa delas, data do século XV a.C., quando os israelitas, liderados por Josué, chegaram à terra de Canaã, prometida por Deus a Abraão e seus descendentes, depois de atravessarem o Rio Jordão e de terem cercado a cidade.
As escrituras Sagradas relatam que os israelitas cercaram a cidade de Jericó durante 6 (número simbólico) dias, seguindo as instruções divinas pronunciadas por Josué que havia sucedido a Moisés na condução do povo. No sétimo (número simbólico) dia, eles deram sete (número simbólico) voltas ao redor da cidade, tocando trombetas de chifres de carneiros, gritando e conduzindo em procissão a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei.
Depois disso, as muralhas caíram permitindo que os israelitas entrassem e conquistassem a cidade. As Escrituras narram ainda que a única família que foi poupada foi a de Raab, uma prostituta que escondeu os espiões que haviam sido enviados por Josué e que reconheceu o poder do Deus de Israel. Tudo o resto foi destruído pelo fogo e pelos saques dos israelitas.
16Quando os sacerdotes, à sétima volta, tocavam as trombetas, Josué disse ao povo: «Gritai, porque o SENHOR vos entrega a cidade. 17A cidade será votada à destruição em honra do SENHOR, com tudo o que nela se encontra. Só Raab, a prostituta, terá a vida salva, com todos os que se encontrarem em sua casa, porque ela escondeu os exploradores que havíamos enviado. 18Mas tende cautela com o que é votado ao anátema: se tomardes alguma coisa do que foi declarado anátema, atraireis o anátema sobre o acampamento de Israel, e será uma catástrofe. 19A prata, o ouro e todos os objectos de bronze e de ferro serão consagrados ao SENHOR, e ficarão a pertencer ao seu tesouro.»20O povo gritou e os sacerdotes tocaram as trombetas. Mal o povo escutou o som das trombetas, fez ouvir um grande clamor e as muralhas da cidade desabaram; os filhos de Israel subiram à cidade, cada um pela brecha que tinha na sua frente e tomaram a cidade. 21Votaram-na ao anátema, passando ao fio da espada quanto nela encontraram, homens e mulheres, crianças e velhos, e os bois, as ovelhas e os jumentos. (Josué 6,16-21).
As muralhas de Jericó continuam a ser uma das construções mais enigmáticas da Antiguidade, associadas tanto à arqueologia quanto a relatos bíblicos. A sua fama provêm, tanto da narrativa bíblica encontrada no Livro de Josué, que descreve a conquista da cidade pelos israelitas após as suas muralhas desabarem ao som de trombetas e gritos, como do significado histórico da cidade que foi tantas vezes destruída e sempre reconstruída. Por isso, além do relato religioso que é mais simbólico que real, as muralhas e a cidade têm um significado histórico e arqueológico profundo.
Graças às escavações arqueológicas realizadas em vários períodos, as muralhas da cidade foram descobertas, a começar pelas ruínas mais antigas de algumas estruturas fortificadas que datam do período neolítico, por volta de 8 mil anos a.C. Muros e torres feitos de pedra tinham fins defensivos, servindo também para finalidades religiosos ou cerimoniais.
No entanto, a historicidade desse evento é motivo de debate entre os estudiosos. Algumas escavações chegaram a sugerir que Jericó nunca teria tido muralhas correspondentes às que são descritas na época em que os israelitas teriam conquistado a cidade, por volta do século XIII ou XV a.C.
Nesta como noutras passagens do Antigo Testamento o relato bíblico pode ser entendido mais como uma tradição simbólica ou metafórica. Independentemente da sua conexão com os relatos bíblicos, Jericó e suas muralhas continuam a fascinar arqueólogos, historiadores e religiosos, sendo um exemplo poderoso de como os vestígios do passado podem lançar luz sobre as complexas origens da sociedade e da cultura humanas.
Curiosidades da Bíblia 16 – As muralhas de Jericó (PDF)