Festa Litúrgica/Religiosa de S. Lourenço – Vilar Andorinho – 28 de agosto

O mártir dos últimos

O testemunho deste santo mártir, nascido na Espanha, na primeira metade do século III, destaca-se pela sua piedade e caridade. Após a sua eleição, o Papa Sisto II confiou-lhe a função de arquidiácono. Como responsável das atividades caritativas na diocese de Roma, Lourenço administrou os bens e as ofertas para prover às necessidades dos pobres, órfãos e viúvas.

 

Custódia dos “tesouros da Igreja”

A sua juventude foi abalada pelo drama da perseguição. No ano 258 d.C., foi emanado um decreto do imperador Valeriano, com o qual todos os bispos, presbíteros e diáconos deveriam ser condenados à morte.

Lourenço, alguns diáconos e o Papa Sisto II foram presos. O Pontífice foi assassinado no dia 6 de agosto. Num primeiro momento, o imperador poupou a vida de Lourenço, ao qual pediu que lhe entregasse os “tesouros da Igreja”. Logo de seguida, Lourenço apresentou ao imperador os enfermos, os indigentes e os marginalizados, dizendo-lhe: “eis os tesouros da Igreja”. Quatro dias depois, no dia 10 de agosto, São Lourenço também foi martirizado.

 

Assado vivo em uma grelha

Segundo um antigo relato da sua “Paixão”, recolhido por Santo Ambrósio, São Lourenço foi queimado numa grelha.

Santo Ambrósio, em “De Officiis” (Sobre deveres ou obrigações), narra um encontro imaginário entre Lourenço e o Papa Sisto II, ao longo da via do martírio. No encontro, Lourenço diz: «Para onde vai o senhor, meu pai, sem o seu filho? Para onde vai com tanta pressa, o meu santo bispo, sem o seu diácono? O meu senhor, nunca ofereceu um sacrifício na ausência do seu ministro. O que lhe desagradou em mim, meu pai? Talvez ache que eu sou indigno? Procure ver melhor se escolheu um ministro indigno para a distribuição do sangue do Senhor! Será que vai rejeitar aquele que admitiu aos divinos mistérios, como sendo seu companheiro, agora, na hora de derramar o sangue?»

 

Do martírio à glória

O martírio é uma prova suprema de amor.

Numa homilia, São Leão Magno comentou assim o suplício de São Lourenço: “As chamas não devastaram a caridade de Cristo; o fogo que queimava Lourenço por fora era mais brando do que aquele que ardia por dentro”. E acrescentou: “O Senhor quis exaltar o seu nome glorioso no mundo inteiro, do Oriente ao Ocidente, – sob o fulgor vivíssimo da luz irradiada pelos maiores diáconos, – a tal ponto que, a mesma glória que Estêvão levou a Jerusalém, coube a Roma pelos merecimentos de Lourenço”.

 

A Basílica de São Lourenço e a igreja em Panisperna

Após a sua morte, o corpo de São Lourenço foi sepultado na Via Tiburtina.

Naquele lugar, o imperador Constantino mandou construir uma basílica, restaurada no século XX, em virtude dos danos causados pela Segunda Guerra Mundial e provocados pelos bombardeios americanos. Estávamos em Roma, em 19 de julho de 1943.

No lugar do seu martírio, foi construída uma igreja, dedicada a São Lourenço, em Panisperna. Segundo algumas fontes, este nome derivaria do costume, por parte dos Frades e Clarissas, de distribuir aos pobres, no dia 10 de agosto, “panis et perna”, ou seja, pão e presunto”.