Paróquia do Divino Salvador de Vilar de Andorinho

A Paróquia do Divino Salvador de Vilar de Andorinho pertence, atualmente, à VIGARARIA DE GAIA NORTE – Região Pastoral do Grande Porto.

É bispo titular da Diocese do Porto D. Manuel da Silva Rodrigues Linda desde 15 de março de 2018. São seus Bispos Auxiliares D. Pio Alves, D. Armando Esteves Domingues e D. Vitorino José Pereira Soares.

Façamos um percurso histórico, ainda que rápido.

Sabe-se, embora com algumas opiniões díspares, que a diocese do Porto terá sido restaurada em 1113 ou 1114, o que é defendido por boa parte dos estudiosos da matéria, designadamente, João Pedro Ribeiro, Herculano, Padre Miguel Oliveira e Frei Henrique Florez.

Assumiu o governo da diocese do Porto nessa altura, D. Hugo que teve a ingente tarefa de reconstruir, após as incursões muçulmanas, para além da disputa que teve de empreender com o bispo de Coimbra, por causa da posse da Terra de santa Maria, que acabou por vencer, através da intervenção papal, dada pela sentença de Burgos, em 1117, que obrigou o Bispo de Coimbra, sob pena de suspensão, a entregar o território entre os rios Douro e Antuã. Apesar disso, os bispos de Coimbra continuaram a solicitar, em 1198 e 1245 e conseguiram dois documentos pontifícios no sentido da restituição à sua diocese dos terrenos que passaram para a diocese do Porto. Tal não resultou, já que a terra de santa Maria continuou incorporada na diocese do Porto.

A questão foi definitivamente resolvida através da bula “Provisionis Nostre” em 12 de setembro e concedida ao bispo D. Julião Fernandes, traçando os limites meridionais da diocese do porto. Fica assim definitivamente a paróquia de Vilar de Andorinho integrada na diocese do Porto e desde século XIII.

O território da paróquia coincide com a divisão administrativa da freguesia de Vilar de Andorinho

Ainda predominantemente rural, começa, no entanto, a assistir-se a uma multiplicação significativa de construções e zonas urbanizadas, com o consequente crescimento da sua população, que ultrapassa presentemente as 29.150 pessoas – só na nova urbanização de Vila d’Este habitam cerca de 18 000 pessoas num projeto totalmente requalificado. Um desenvolvimento que se prevê ainda mais intenso durante os próximos tempos, dado existirem ainda muitos e extensos terrenos por ocupar, particularmente propícios ao alojamento de famílias que pretendem viver simultaneamente no campo e na cidade. A indústria e o comércio a ser importantes nesta terra.

Vilar de Andorinho detém uma posição geográfica estrategicamente privilegiada. Rodeada por cinco das mais importantes freguesias do concelho de V. N. Gaia – Oliveira do Douro a Norte, Avintes a Leste, Pedroso a Sul, Canelas e Mafamude a Oeste – estabelece fronteira com o centro da cidade, interligando-se e complementando-se com ele, quer a nível de serviços, quer a nível de outros sectores de atividade.

O troço da Estrada Nacional nº 222, que corta o território a meio, veio melhorar significativamente as facilidades de comunicação com o exterior e a própria situação da freguesia, bem como a sua divulgação pública. A ligação direta à Avenida da República conduziu a um acentuado assédio de tráfego, nomeadamente de pessoas vindas do interior do país, que passam necessariamente por Vilar de Andorinho, acabando muitas por aqui ficar.

Apesar de não ser uma freguesia muito grande em área (cerca de 16.350 km2), comparativamente a outras bem mais dilatadas, a sua inclinação acentuada transforma-a numa espécie de miradouro concelhio, nomeadamente no cimo do Monte da Virgem, no ponto mais alto de Vila Nova de Gaia, o que lhe confere uma posição de relativa altivez natural no seio do Concelho.

Percorrendo a freguesia de Vilar de Andorinho com o chamado olhar clínico e a sempre necessária preocupação histórico-cultural, deparamo-nos com muitos monumentos e templos, espalhados um pouco por toda a parte, que nos ajudam a perceber melhor a sua própria história.

Tal como acontece em qualquer outra freguesia ou local, a Igreja Paroquial de Vilar de Andorinho ocupa uma posição de natural destaque, até pela sua localização, mesmo no centro da comunidade, junto ao atual edifício da Junta de Freguesia. E também tal como costuma suceder nos outros casos, foi igualmente alvo de vários melhoramentos ao longo dos tempos. O templo primitivo era do mais simples que se pode imaginar: quatro paredes e duas águas. A nova Igreja foi então mandada edificar num outro local, pelas freiras de Santa Clara, no século XVII. Mesmo assim sem grandes primores, segundo rezam as crónicas. Os acrescentos artísticos vieram mais tarde, nomeadamente no século XVIII, altura das grandes reformas na Igreja Apareceu a torre sineira, e em 1767 surgiram muitos mais melhoramentos: a Capela-Mor, que até então não existia, e um novo Altar-Mor ao estilo da época – rocaille – que, não sendo de proporções exageradas, é dos maiores e dos mais bonitos de todo o Concelho: quatro colunas cilíndricas revestidas de medalhões, e ornatos com platibandas assentes em duas mísulas suportadas por dois anjos; mais acima, dois serafins seguravam o lampadário (que agora se apresenta sobre um candelabro de ferro forjado); bem visível ainda um painel com a Ceia de Cristo, de qualidade inegável. Em natural realce no interior do edifício, surgem-nos aos olhos as bonitas imagens de Santa Clara, São Bento, e dos Santos Reis, que deverão ser de época anterior. Estas resistiram quase milagrosamente incólumes pelo tempo fora, apresentando-se ainda nas suas formas e pinturas originais. Mas não são as únicas imagens do templo. Também a da Senhora do Rosário merece uma referência especial, devido à finura de traços e à perfeição do trabalho. E ainda o Santo António, do século XVII, e de conceção triangular, a Senhora da Conceição, o S. Sebastião, o S. Caetano, o conjunto de Santa Ana e o S. João Baptista (ainda criança), este último localizado no batistério. Para além do Altar-Mor, com talha e acabamentos mais simples, existem quatro altares: o Altar das Almas, o Altar dos Santos Reis (do lado Norte), o Altar de Nossa Senhora de Lurdes e o Altar de Nossa Senhora de Fátima (do lado Sul).

São festividades religiosas na paróquia de Vilar de Andorinho:

Festa maior – religiosa por excelência – o padroeiro – Divino Salvador. Festa de cariz eminentemente religioso é celebrada no dia litúrgico do Divino Salvador em 06 de agosto. Habitualmente esta festa é precedida dum tríduo encerrando com solenidade no dia do padroeiro – 06 de agosto. Desde tempos imemoriais, a Festa ao Divino Salvador vem associada ao mistério da Transfiguração que, contemplada como pórtico da Páscoa, se entende como centro e cume da manifestação dos factos salvíficos e das profecias do projeto divino da Redenção humana. Por isso, a sua expressão popular e litúrgica escolheu o 6 de agosto, festa da Transfiguração do Senhor. Divino Salvador, S. Salvador ou o Salvador são expressões que a piedade popular divulgou e cuja manifestação configurou representações significativas de onomásticos pessoais (nome ou apelido) e de lugares (cidades e países).

Festa maior – a padroeira – Nossa Senhora do Rosário. Sempre no primeiro domingo de outubro tendo sido institucionalizado neste domingo o início do ano pastoral. De um centro de celebração da paróquia a Senhora do Rosário é trazida em procissão até à Igreja Matriz onde é celebrada missa campal em sua honra e feito o compromisso anual de todos os serviços e ministérios.

Festa do S. João (da Serra) – em 24 de junho sempre organizada pela Associação Cultural Desportiva do São João que em 2020 festejou os seus 69 anos de existência. A quadra festiva estende-se por vários dias culminando em 24 de junho com missa e procissão pelas ruas principais até à Igreja Matriz

Festa de S. Lourenço – último domingo de agosto. A Freguesia de Vilar de Andorinho honra São Lourenço que é venerado no lugar com o seu nome. O ponto alto das festividades é a missa solene e a majestosa procissão, que percorre as ruas principais do lugar.

Outras festividades de cariz profano:

– Festa da cebola em

– Vilar Medieval – no fim de semana mais próximo de 10 de junho

Fontes consultadas:
Anuário católico;
Secretariado Nacional da Liturgia;
São Salvador de Vilar de Andorinho – Notas Monográficas – de Francisco Barbosa da Costa e Paulo Costa, edição da JFVAndorinho, 2013