Discurso do Papa Francisco aos participantes do III Congresso Internacional da Catequese
Caros catequistas e queridas catequistas, bom dia!
É para mim motivo de alegria voltar a encontra-vos, porque conheço muito bem o vosso empenho na transmissão da fé. Como disse o arcebispo Fisichella – a quem agradeço esta introdução – sois de muitos países diferentes e sois o sinal da responsabilidade da Igreja para com tantas pessoas: crianças, jovens e adultos que procuram fazer um caminho de fé.
A todos saúdo como catequistas. E faço-o intencionalmente. Vejo no meio de vós muitos bispos, sacerdotes e pessoas consagradas: também eles são catequistas. Com efeito, diria que são antes de tudo catequistas, porque o Senhor chama-nos a todos a fazer ressoar o seu Evangelho no coração de cada pessoa. Confesso-vos que gosto muito das audiências de quarta-feira, quando todas as semanas encontro muitas pessoas que vêm participar da catequese. Este é um momento privilegiado porque, refletindo sobre a Palavra de Deus e sobre a tradição da Igreja, caminhamos como Povo de Deus, e somos também chamados a encontrar as formas necessárias para testemunhar o Evangelho na vida quotidiana.
Por favor: nunca se cansem de ser catequistas. Não se trata de “dar a aula” da catequese. A catequese não pode ser como uma hora escolar, mas antes uma experiência viva de fé em que cada um de nós sente o desejo de transmitir às novas gerações. É claro que devemos encontrar os melhores meios para que a comunicação da fé seja adequada à idade e à preparação das pessoas que nos ouvem; no entanto, o encontro pessoal que temos com cada um deles é decisivo. Só o encontro interpessoal abre o coração para acolher o primeiro anúncio e desejar crescer na vida cristã, com o próprio dinamismo que a catequese nos permite realizar. O novo Diretório para a Catequese, que vos foi entregue nos últimos meses, será muito útil para compreenderdes como percorrer este itinerário e como renovar a catequese nas dioceses e nas paróquias.
Nunca esqueçais que a finalidade da catequese, que é uma etapa privilegiada da evangelização, é a de ir ao encontro de Jesus Cristo e deixá-lo crescer em nós. E aqui entramos diretamente nas especificidades de vosso terceiro Encontro Internacional, que teve como pano de fundo a terceira parte do Catecismo da Igreja Católica. Há uma passagem do Catecismo que me parece importante transmitir em relação ao vosso ser “Testemunhas de vida nova”. Diz assim: «Quando cremos em Jesus Cristo, comungamos nos seus mistérios e guardamos os seus mandamentos, o Salvador vem em pessoa amar em nós o seu Pai e os seus irmãos, o nosso Pai e os nossos irmãos. A sua pessoa toma-se, graças ao Espírito, a regra viva e interior do nosso agir.» (n. 2074).
Compreendamos porque Jesus nos diz que o seu mandamento é este: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (cf. Jo 15,12). O verdadeiro amor é aquele que vem de Deus e que Jesus revelou com o mistério da sua presença entre nós, com a sua pregação, os seus milagres e sobretudo com a sua morte e ressurreição. O amor de Cristo permanece como o verdadeiro e único mandamento da vida nova, que o cristão, com a ajuda do Espírito Santo, faz seu no dia a dia, num caminho que não conhece descanso.
Caros catequistas, sois chamados a tornar visível e tangível a pessoa de Jesus Cristo, que ama cada um de vós e por isso torna-se a regra da nossa vida e o critério de julgamento da nossa ação moral. Nunca vos afasteis desta fonte de amor, porque é a condição para se ser feliz e pleno de alegria sempre e apesar de tudo. Esta é a vida nova que brotou em nós no dia do nosso Batismo e que temos a responsabilidade de partilhar com todos, para que em cada um cresça e dê frutos.
Estou certo de que este caminho levará muitos de vós a descobrir plenamente a vocação de ser catequista e, portanto, a pedir para aceder ao ministério de catequista. Estabeleci este ministério sabendo do grande papel que pode desempenhar na comunidade cristã. Não tenhais medo: se o Senhor te chama para este ministério, segue-o! Participarás da mesma missão de Jesus de anunciar o seu Evangelho e de introduzir a relação filial com Deus Pai.
E eu não gostaria de terminar – considero-o uma coisa boa e justa – sem me recordar dos meus catequistas. Era uma irmã que dirigia o grupo de catequese; às vezes ela ensinava, às vezes eram duas boas senhoras, ambas com o nome de Alicia, recordo-o sempre. E esta religiosa lançou os fundamentos da minha vida cristã, preparando-me para a Primeira Comunhão, no ano ’43-’44… acredito que nenhum de vós fosse nascido naquele tempo. O Senhor também me deu uma graça muito grande. Quando estava já muito velha, e eu era estudante, estudava fora, na Alemanha, quando terminei os meus estudos voltei para a Argentina, e no dia seguinte ela faleceu. Eu pude acompanhá-la naquele dia. E quando eu estava lá, rezando em frente ao seu caixão, agradeci ao Senhor pelo testemunho desta freira que passou a vida quase só para fazer catequese, a preparar crianças e jovens para a Primeira Comunhão. Chamava-se Dolores. Permito-me dar este testemunho para mostrar que, quando há um bom catequista, deixa a sua marca; não só o rastro do que semeia, mas o rastro de quem semeou. Espero que os vossos adolescentes, as vossas crianças, e todos aqueles que acompanhais na catequese, sempre vos recordem diante do Senhor como uma pessoa que semeou coisas belas e boas no coração.
Acompanho a todos com minha bênção. Confio-vos à intercessão da Virgem Maria e dos mártires catequistas: são muitos – é importante -, também no nosso tempo, são muitos! E peço-vos, por favor, não vos esqueçais de orar por mim. Obrigado!
Tradução Educris a partir do original em italiano.
Educris|10.09.2022