2 A Babilónia
06.06.2025
Tradução livre para português
Curiosidades da Bíblia: A Babilónia
Babilónia, de potência mundial a sinal de desobediência a Deus. Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel que aparece em diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado “Cativeiro da Babilónia”.
Padre José Inácio de Medeiros, cssr – Instituto Histórico Redentorista
Enquanto os seus oficiais a cercavam, o próprio Nabucodonosor veio à cidade. Então Joaquim, rei de Judá, a sua mãe, os seus conselheiros, os seus nobres e os seus oficiais entregaram-se; todos se renderam a ele. Conforme o Senhor tinha declarado, ele retirou todos os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, quebrando todos os utensílios de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera para o templo do Senhor. Levou para o exílio toda a Jerusalém: todos os líderes e os homens de combate, todos os artesãos e artífices. Era um total de dez mil pessoas; só ficaram os mais pobres. Nabucodonosor levou prisioneiro Joaquim para a Babilónia. Também levou de Jerusalém para a Babilónia a mãe do rei, as suas mulheres, os seus oficiais e os líderes do país. O rei da Babilónia deportou, também, para a Babilónia toda a força de sete mil homens de combate, homens fortes e preparados para a guerra, e mil artífices e artesãos. Segundo Livro dos Reis, Capítulo 24, versículos de 11 a 16
Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel, que aparece em diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado “Cativeiro da Babilónia”. Essa tragédia será para sempre lembrada como resultado da desobediência do povo para com a aliança de Deus.
A Babilónia aos poucos passa a ser vista não apenas como uma potência de importância histórica, mas desempenha um papel central na narrativa bíblica como símbolo da rebelião humana contra Deus. No Novo Testamento, a Babilónia assume um significado ainda mais profundo, representando um sistema mundial que se opõe ao Reino de Deus e que persegue os cristãos. A queda de Babilónia passa a ser vista então como a queda do mal diante de Deus.
Noutras citações bíblicas, como no capítulo 10 do livro do Profeta Isaías, aparece uma profecia sobre a Assíria, país que conquistou o Reino de Israel aproximadamente entre 725 e 721 a.C. Nos capítulos 13 e 14, Isaías fala sobre a Babilónia, o país que conquistou Judá aproximada- mente entre 600 e 588 a.C.
Potência política e mundanismo
A antiga Babilónia é hoje considerada um dos impérios mais ricos e mais mundanos da história. Originários dos povos amoritas que habitavam a região sul do deserto árabe, os babilónios criaram uma das civilizações que ocuparam a Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se encontra o moderno Iraque e parte da Turquia.
Promovendo a dominação dos acadianos que já ocupavam a região, o povo amorreu realizou um processo de expansão territorial que anexou várias cidades da Mesopotâmia, até que em meados do século XVIII a.C., o rei Hamurábi consolidou o Primeiro Império Babilónico.
Durante o seu governo centralizador e autoritário, Hamurábi ergueu a cidade de Babilónia, que se transformou num dos mais importantes centros urbanos e comerciais da Antiguidade. Além disso, também foi responsável pela compilação de um importante conjunto de leis talhadas num monumento de pedra conhecido como o Código de Hamurábi do qual vem a ter origem a tristemente célebre Lei de Talião, instrumento jurídico que, de forma geral, determinava a execução de penas onde era dito que se deviam igualar aos prejuízos causados por algum delito, falha ou acidente.
Umas das maravilhas dos tempos antigos
Apesar de promover o crescimento e a prosperidade do Império Babilónico, uma série de revoltas internas, somada com a invasão dos cassitas e dos hititas provocaram a queda e o desaparecimento do Primeiro Império Babilónico que foi retalhado em diferentes reinos menores. O tempo passou e no ano de 1300 a.C., os assírios, potência militar de então, subjugaram todos os reinos que outrora formaram o Primeiro Império Babilónico.
Mais tarde, no século VII a.C., ocorreu, por sua vez, a queda dos assírios devido às invasões dos caldeus e dos medos, vindos da região onde hoje se situa o moderno Irão.
As invasões possibilitaram a criação do Segundo Império Babilónico que atingiu o seu apogeu no governo do rei Nabucodonosor. Durante o seu reinado, a civilização babilónica viveu um tempo de grandes conquistas militares e de execução de diversas obras públicas. Datam dessa época os famosos Jardins Suspensos da Babilónia que causavam inveja e espanto em todos os que os conheciam e que hoje figuram entre as principais construções arquitetónicas do Mundo Antigo, sendo considerados umas das sete maravilhas do tempo antigo.
No governo do rei Nabucodonosor, os hebreus foram escravizados e levados ao cativeiro. Esse episódio, lembrado como o período do Cativeiro da Babilónia seria cantado nos salmos e em outras citações bíblicas e nunca mais esquecido. Segundo as narrativas bíblicas, depois de 50 anos, os hebreus foram autorizados a retornarem para as suas terras, vivendo um período de reconstrução com os sacerdotes Esdras e Neemias.
Após a morte de Nabucodonosor, os persas invadiram, saquearam e dominaram a Babilónia que nunca mais se reergueu.