Quer pela sua datação no tempo, quer pela fragmentação das temáticas, na hora de organizar estes textos, pensei seriamente se teria interesse e se justificaria esta coletânea. Decidi-me pelo sim, pois, alguns nunca tinham sido dados à estampa e os outros, na sua maioria, foram publicados em revistas de escassa difusão. Oferecê-los a um público mais vasto é também um serviço cívico e cultural. Razão pela qual aqui se apresentam.
Ordenei-os não em perspetiva cronológica, mas à base de três âmbitos muito caros à teologia moral social: a pessoa e a sociedade, a pobreza e o conceito-chave de solidariedade e, finalmente, a educação e a democracia. Subjacente a todos está a noção de desenvolvimento integral, isto é, a persecução de uma melhoria em todos os âmbitos do humano e, a nível global, da inteira humanidade. Cada vez estou mais convencido, de facto, que o progresso reclama, preferentemente, os valores éticos: no tempo que nos é dado viver, serão eles a fazer com que o acumular de bens económicos e capacidades científicas não se nos tornem forças opressoras e desumanizadoras.
Sem dúvida, a fragmentação das circunstâncias que geraram a feitura destes textos não favorece um desenvolvimento harmonioso do pensamento e não enquadra uma perspetiva integral. Não obstante, se motivarem discussão, alargamento de visões, vontade de aprofundar as temáticas ou mesmo razões de contestação, valeu a pena terem sido dados à estampa, pois apadrinham o saber e potenciam o diálogo cultural. O que é sempre muito importante em todos os domínios, mas especialmente neste da ética, já que, infelizmente, não é a especialidade mais comummente tratada e socialmente reclamada.
Estou convencido que a sua datação em tempos tão distintos que cobrem cerca de duas décadas não os prejudica sobremaneira. É verdade que o desenvolvimento científico não atinge exclusivamente as ciências ditas exatas, mas toca, também, as humanísticas. O que leva, muitas vezes, a ter de dar como falsas 2 perspetivas que, anteriormente, se consideravam verdadeiras. Mas no caso destes escritos, não me parece que, mesmo hoje, haja muito a corrigir: o que haverá é a acrescentar, porquanto a sua deficiência não estará tanto no que dizem quanto no que omitem. Mas isso deixa-se à benevolência do leitor e ao trabalho afincado do investigador.
Contribua esta publicação para o incentivo de um pensamento ético-social, mormente por parte dos cristãos, chamados a serem “a alma do mundo” para usar a expressão dessa joia da literatura cristã primitiva que dá pelo nome de “Carta a Diogneto”. Hoje, porventura, ainda mais que em outros tempos, é o que a história reclama de nós
Manuel da Silva Rodrigues Linda (1956) – Bispo do Porto
ISBN: 9789729008771
Ano de edição ou reimpressão: 09-2020
Editor: Editorial Cáritas
Idioma: Português
Dimensões: 150 x 230 x 18 mm
Encadernação: Capa mole
Tipo de Produto: Livro
Preço: € 15.00