11.07.2025

Tradução livre para português

Curiosidades da Bíblia: Quem foi Pôncio Pilatos?

Pilatos tornou-se um dos governadores romanos mais conhecidos da história, principalmente pelo seu papel na condenação de Jesus Cristo à morte na cruz.

Padre José Inácio de Medeiros, cssr – Instituto Histórico Redentorista

Existem alguns personagens que, meio “sem querer, querendo”, acabaram por entrar para a história, ficando os seus nomes registados para a posteridade. É o caso de Pôncio Pilatos, que participou do julgamento de Jesus, tendo o gesto de “lavar as mãos” sido eternizado, figurando hoje como atitude de quem não se deseja comprometer. Tanto assim, que o seu nome entra, inclusive, na oração do Credo, o Símbolo Apostólico do cristianismo.

O que se sabe sobre Pôncio Pilatos

Pilatos tornou-se um dos governadores romanos mais conhecidos da história, principalmente pelo seu papel na condenação de Jesus Cristo à morte na cruz.

Governou a Judeia entre os anos 26 e 36 d.C., residindo na cidade de Cesareia, localizada na costa do Mediterrâneo. Por ser o representante de Roma na região, tinha autoridade sobre questões administrativas, financeiras, militares e judiciais, sendo ainda o responsável por manter a ordem e a paz entre a população local, maioritariamente judaica, com forte identidade religiosa e nacional.

Sabe-se hoje que foi muito conturbada sua administração, pela falta de habilidade em lidar com as questões judaicas. Entre outras coisas, foi acusado de usar os recursos do Templo de Jerusalém para construir um aqueduto que levaria água para Cesareia. Os judeus revoltaram-se e o acusaram-no de roubar o dinheiro sagrado. Ordenou, então, que os seus soldados se infiltrassem entre a multidão para reprimir a manifestação com violência, acarretando a morte de muitos judeus. Mas, o caso mais famoso e controverso de Pilatos foi o julgamento de Jesus Cristo que, preso pelos líderes religiosos dos judeus através do Sinédrio, foi acusado de blasfémia e de incitar o povo contra Roma. Jesus foi então levado a Pilato que tinha autoridade para condená-lo ou determinar a sua liberdade.

O julgamento de Jesus

Os quatro evangelhos narram com detalhes o julgamento de Jesus, cada um acrescentando novos detalhes, mas todos são unânimes ao afirmar que Pilatos não encontrou nenhum motivo para condenar Jesus, e que o tentou libertar, oferecendo ao povo a escolha entre soltar Jesus ou Barrabás, um criminoso.

 

E, convocando Pilatos os principais dos sacerdotes, dos magistrados, e do povo, disse-lhes: Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem.  Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte, castigá-lo-ei e, depois, soltá-lo-ei. E era-lhe necessário soltar-lhes um detido por ocasião da festa. Mas toda a multidão clamou à uma, dizendo: Fora daqui com este e solta-nos Barrabás. Barrabás fora preso por causa de uma sedição feita na cidade e de um homicídio. Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus. Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Então, ele, pela terceira vez, lhes disse: Mas que mal fez ele? Não encontro nele culpa alguma de morte. Castigá-lo-ei e, depois, soltá-lo-ei. Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos e os dos principais dos sacerdotes redobravam.  Então, Pilatos julgou que devia fazer o que eles lhe pediam. Soltou-lhes o que fora preso por uma sedição e homicídio, que era o que pediam; mas entregou Jesus à vontade deles. Lucas 23, 13 a 25.

O destino de Pôncio Pilatos

Não há uma comprovação histórica exata sobre o destino de Pilatos após o julgamento de Jesus. O historiador judeu Flávio Josefo afirma que Pilatos foi destituído do cargo por causa de outro conflito com os samaritanos, povo que vivia na região da Samaria.

Fontes antigas dão diferentes versões sobre o fim de Pilatos, mas uma tradição cristã, afirma que Pilatos foi exilado nas Gálias, onde encontrou a morte. Segundo a Igreja Etíope, Pilatos converteu-se ao cristianismo e, sendo martirizado, passou a ser venerado como santo.

Pilatos, porém, passou para a história como símbolo de cobardia, de injustiça, de ambiguidade, de pragmatismo, de ironia, de falta de piedade ou de arrependimento. Numa linguagem moderna pode dizer-se que Pilatos “ficou em cima do muro” com medo de se comprometer. Por outro lado, é um personagem que revela a complexidade das relações e dos conflitos entre o poder político e religioso, entre a cultura romana e a cultura judaica, entre a história e a tradição.

Curiosidades da Bíblia – 7 Quem foi Pôncio Pilatos (PDF)