Mensagem de Natal da LOC/MTC Movimento de Trabalhadores Cristãos – Natal 2023

Que neste Natal nos deixemos levar pela entrega generosa dos que sabem que Deus nasce em nossos corações e nos motiva a alcançar uma vida radicada no Amor.

Que a BOA NOVA do NATAL, faça parte das nossas vidas.

Talvez seja necessário começar a explicar tudo de novo. O Filho de Deus feito homem, nascido no mais pobre dos espaços disponíveis, numa manjedoura, anunciou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João.10:10)

O mundo de hoje, naquilo que mais diretamente diz respeito à vida dos trabalhadores e aos pobres, está cheio de más notícias. Problemas como os salários baixos e perda do poder de compra, a precariedade do trabalho, os longos e desregulados horários de trabalho, os acidentes de trabalho, as más condições de trabalho, cada vez mais difícil o acesso à habitação, as convulsões na saúde, a carestia de vida, um rasto enorme de migrações forçadas por razões financeiras e devido a catástrofes climáticas. Tudo isto após uma pandemia seguida de guerras e as suas nefastas consequências em perda de vidas e de bens essenciais para as suas vítimas, com todas as suas consequências a espalhar-se pelo mundo. É onde o sofrimento é palpável que o Natal está mais presente. Há tristezas tão profundas, silêncios que clamam justiça, que tocam os corações.

Com passos muito lentos foi-se ganhando terreno à pobreza, pequenas décimas de melhoria. Presentemente em algumas regiões do globo, regredimos para situações de extrema pobreza e escassez de bens essenciais para a sobrevivência das populações. Tudo isto se torna ainda mais grave, estando-se perante uma crise climática, neste mundo que nos alberga, a nossa casa comum. Acreditamos que, “os esforços das famílias para poluir menos, reduzir os esbanjamentos, consumir de forma sensata estão a criar uma nova cultura”. (L. D. 71) Na certeza, porém, de que “as soluções mais eficazes não virão só dos esforços individuais, mas sobretudo das grandes decisões da política nacional e internacional”. (L. D. 69)

O Deus menino, que celebramos em cada Natal, veio para “anunciar uma Boa Nova aos pobres”. Os que o acolheram e propagam os seus valores, não se conformam; “não vos conformeis com as estruturas deste mundo, mas transformais-vos: renovando a vossa maneira de pensar e julgar” (Rom 12,2) e dizemos nós, renovando a maneira de agir, atuar no meio, ser cidadãos ativos e intervenientes pela transformação das injustiças deste mundo.

O NATAL, traz-nos uma mensagem de amor e de paz, de encontro de homens e mulheres, para aprendermos a viver de forma fraterna, a sermos cada vez mais humanos, acolhedores e restauradores da dignidade e da justiça, cuidadores uns dos outros com amor incondicional, em especial dos mais excluídos, os que caíram para últimos da sociedade. Animados pelo Espírito de Deus, procuramos agir nos locais de trabalho e de convivência humana, por melhores condições sociais para todos, contribuindo para sermos Igreja em saída, expressão de sinodalidade.

NATAL, uma frágil criança veio assumir a condição humana, a partir do último dos últimos, para denunciar os males da sociedade e demonstrar o poder que todos têm de praticar o bem, ser solidários, criar comunidade, ser força no conjunto. Comemorar o Natal de Jesus Cristo, filho de Deus que se fez humano, que partilha o caminho da humanidade, é algo muito belo.

Os Cristãos e todos os seres humanos com valores éticos, ao celebrar o Natal, devemos estar abertos a realizar uma profunda reflexão pessoal de como sermos continuadores dos valores e da mensagem de Cristo. Vamos cultivar a arte de compreender, de ver mais a fundo, de ver além do papel de embrulho e das luzes de Natal. Sermos interpretadores da vida quotidiana à luz da fé, retirar significado das experiências, dos acontecimentos da vida de todos os dias, até dos mais difíceis de compreender. “Levanta-te e caminha” (Jo 5,8) é a chave da vinda de Jesus para os pobres. Vivemos atentos ao sofrimento dos outros ou de costas voltadas para a realidade? Preparemo-nos para enfrentar o futuro, sempre novo e desconhecido.

Que neste Natal nos deixemos levar pela entrega generosa dos que sabem que Deus nasce em nossos corações e nos motiva a alcançar uma vida radicada no Amor. Todos os dias, em algum lugar do mundo, há um presépio vivo. Grande desafio para todos nós!

Feliz Natal!

         A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, é um movimento especializado da Ação Católica que, pela vivência e pelo testemunho da “novidade” cristã no seio dos trabalhadores, participa na caminhada solidária dos trabalhadores que buscam a justiça e a promoção coletiva.

          A LOC/MTC participa na construção duma igreja viva, sobretudo no mundo do trabalho, pelo anúncio explicito da Boa Notícia de Jesus Cristo, procurando em toda a sua ação descobrir e celebrar o mistério do Jesus Cristo humano e divino, presente no quotidiano e vida dos trabalhadores.

          O método de reflexão é a revisão de vida operária: Ver, Julgar e Agir.

        Com a vivência e o conhecimento das realidades do mundo do trabalho, qualquer que seja a área, procura-se que a reflexão conduza sempre, mas sempre, a um crescimento na Fé, a uma ação transformadora do meio do trabalho, tendo como referências o Evangelho e o Ensinamento da Igreja em matéria social e de direitos humanos.

Na LOC/MTC:

          – Acreditamos no protagonismo e na força transformadora de cada homem e de cada mulher;
          – Afirmamos que o trabalho é a fonte da humanização da pessoa e da sociedade;
          – Incentivamos o compromisso sindical, cultural, social e eclesial;
          – Promovemos um agir consciente, persistente e confiante, que advém da Fé e se materializa no projeto libertador de Deus, trazido pelo Seu Filho Jesus de Nazaré para toda a humanidade.

 

Oração para a “Jornada Mundial do Trabalho Digno” Out 5, 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Senhor,
escuta a nossa oração neste ano de 2020 e nesta jornada pelo trabalho digno!

Tu vês como estamos a viver nesta crise sanitária mundial causada pelo COVID-19!
Durante esta crise temos reconhecido o trabalho do pessoal da saúde e também o de todas as pessoas indispensáveis ao funcionamento da vida social e económica do país… temos rezado e aplaudido o trabalho para garantir a “vida em comunidade” no nosso país.
Desejáramos que o seu trabalho fosse mais bem recompensado, apreciado e digno!

Mas antes desta crise, Senhor,
Tu sabes bem que este trabalho não estava muito reconhecido e que os mesmos enfermeiros, bombeiros, polícias, transportadores, apanhadores de lixo, etc. que pediam melhores salários, melhores condições de trabalho e melhores equipamentos, foram rejeitados, reprimidos, ignorados, em nome do equilíbrio económico!

Tu, Senhor,
Sabes que muitos trabalhadores e trabalhadoras perderam a saúde e, às vezes, inclusive a vida, porque as suas condições de trabalho eram demasiado duras e perigosas.

Assim, Senhor,
faz que esta crise mundial produza algo de novo!
-Que produza algo de novo na nossa vida pessoal, comprometendo-nos a ter novas formas de consumo, novos projetos, cuidando do equilíbrio do planeta e respeitando mais dignamente o trabalho dos outros.

-Que produza algo de novo na nossa vida social para que, nas nossas Equipas de Revisão de Vida, nas nossas associações, nossas cooperativas, saibamos inventar novas formas de trabalho mais respeitosas da saúde e com um salário digno.

-Que produza algo de novo na nossa vida nacional para que os responsáveis políticos, económicos e sindicais… ponham o ser humano como prioridade sobre a economia e assim exerçam a sua responsabilidade com um pouco mais de decência.

-Que produza algo de novo nas nossas relações internacionais e que mudem os sistemas injustos que aprisionam milhões de homens e mulheres na pobreza material, na precaridade da saúde, na exclusão económica, … tantos males que impedem ter uma autêntica vida digna.
-Que produza algo de novo na nossa vida espiritual, para que, através destas provas, possamos compreender melhor até que ponto contas com cada um e cada uma de nós.

Sim, Senhor Deus, ajuda-nos:
A ser homens e mulheres de FÉ, que sempre desejam crer num mundo digno.
A ser homens e mulheres de ESPERANÇA, capazes de imaginar uma vida digna.
A ser homens e mulheres de AMOR, que tomam decisões e levam a cabo ações para que o mundo que construímos seja mais formoso, mais justo, que seja espelho do teu amor, um espelho de ti; um Deus bom, paciente e misericordioso,
um DEUS DIGNO para todos, pelos séculos dos séculos. Ámen.

Padre Bernard ROBERT – Assistente Internacional