Domingo da Palavra de Deus

III DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

22 janeiro 2023
DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS
Celebramos em Vilar de Andorinho
Igreja da Sagrada Família – 15h00 – 17h00
Organização dos leitores da paróquia
Responsável – Maria do Céu Oliveira

 

Quem foi Mateus?

Mateus apóstolo? Mateus evangelista?

Questões importantes, mas que aqui não desenvolveremos agora.

Mateus apóstolo foi um hebreu, cobrador de impostos, de nome Levi, que foi chamado pelo Mestre quando se encontrava sentado na banca, a trabalhar.

Mateus evangelista não foi o Mateus apóstolo, está hoje claro pelos estudos disponíveis. O autor do Evangelho de Mateus nasceu e viveu na Siria, na sua capital do século I – Antioquia. Mas foi um discípulo do Mateus apóstolo, um fervoroso hebreu que dominava as Escrituras e que, enquanto hebreu, era conhecedor das Escrituras, da Lei e das tradições hebraicas; enquanto hebreu vai desenvolver e situar toda a sua narrativa evangélica de forma que qualquer hebreu se possa situar e entender, tanto no ambiente descrito, como na linguagem utilizada.

Assim, temos um hebreu a falar para hebreus, um hebreu a ser compreendido pelos hebreus.

Ao pegar no seu Evangelho, podemos apontar para a Torah: Génesis (significa: origem, nascimento, criação, princípio e mostra-nos: a criação do mundo, as genealogias dos Patriarcas, até à fixação no Egito), Êxodo (quer dizer saída ou partida e narra-nos a saída dos israelitas do Egito até chegar à Terra Prometida, percorrendo o/os desertos durante cerca de quarenta anos. É importante que os que saíram não chegaram. O)s que chegaram constituíam já uma geração nova), Levítico (sendo dirigido a todos, contém passagens específicas para os sacerdotes da tribo de Levi, sendo a maioria dos seus capítulos discursos de Deus, no monte Sinai, para serem repetidos aos israelitas durante o Êxodo), Números (o nome aponta para o que é, uma referência aos censos israelitas e apresenta-nos os números daqueles que estão prontos para entrar e conquistar a Terra Prometida) e Deuteronómio (este rolo está dividido em três sermões, proferidos aos israelitas por Moisés na terra de Moab, pouco antes da entrada na Terra Prometida. É neste rolo que nos aparecem os versículos da Torah e que fazem parte da sua oração diária: Shemá Israel, o Senhor é o nosso Deus. O Senhor é único!”, os cinco primeiros rolos da Escritura, começando, logicamente, pelo primeiro, o Génesis.

Este livro abre com o poema da Criação, aquele que nos diz que Deus criou e ficou encantado, “… viu que era bom” e demorou seis dias. No sexto dia, criou aquele que se iria tornar a Sua ‘menina dos olhos’, o Homem e criou-os homem e mulher. Temos que saber que nós somos o zénite da criação e, o poema, termina a dizer-nos que no sétimo dia descansou.

Então, o que é que isto tem a ver com o Evangelho de Mateus?

Mateus inicia a sua Boa Notícia a contar-nos a genealogia de Jesus, o Génesis de Jesus, o livro das origens de Jesus.

Se no primeiro livro do AT temos um poema, o da Criação, no primeiro livro do NT temos o poema da genealogia de Jesus, nomes que de catorze em catorze gerações transportam Jesus até David e de David até Adam, o ‘pai’ de toda a humanidade, logo, ao próprio Deus.

Que maneira bonita de dizer que Jesus já ‘estava pensado’ desde o início!

João, no prólogo do seu Evangelho, transporta-nos mesmo para esse início.

Mateus, no seu Evangelho, está a reescrever-nos o novo Génesis, o Génesis de Jesus, a caminhar para a frente, mas a olhar para trás, isto é, a olhar para o princípio, porque “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” Jo 1,1

Mas… Mateus continua a sua narrativa servindo-se do Génesis e… sendo e estando Adam na origem, vai seguindo viagem, passando por Noé e chegar aos Patriarcas. Estes são a origem da promessa: Abraão, Isaac e Jacob, pai de doze filhos, entre eles José, o preferido. José, o homem dos sonhos, José, o homem rejeitado pelos irmãos. É até aqui que remonta a narrativa. José, o homem dos sonhos, conduz-nos a outro José, que sonha enquanto dorme. José, o da narrativa do Génesis de Jesus, o carpinteiro, o homem de Maria. E é com um sonho que José, o trabalhador, o construtor, o carpinteiro, fica a saber que o filho que Maria espera é o prometido, é Aquele que está prometido desde o princípio.

Mas… é também por um sonho que José é aconselhado a pôr-se ao caminho e a caminho com a família por causa da ‘soberba’ de Herodes e vão até ao Egito. O Egito é sempre lugar de exílio. E mais uma vez é por um sonho que José sabe que podem regressar e voltar à sua terra. Herodes tinha morrido!

José é o homem em ação, mas em silêncio!

Nunca o vimos/ouvimos/lemos a falar, a dar uma ordem, embora o vejamos em ação.

José é o homem que sonha e que se põe a caminho!

Mas… é também nesta narrativa do Génesis de Jesus que vemos a abertura aos pagãos, a nós próprios, a todo o mundo, com a chegada dos magos.

Quantos eram?

Não sabemos, mas sabemos que é aqui que Mateus nos vai informando que a Boa Notícia é para todos e não apenas para os que se julgavam os eleitos, os preferidos…

E se a Torah é composta por cinco rolos, dizemos nós, por cinco livros, vamos começar a desenrolá-los.

No primeiro rolo, Mateus fala-nos da ‘Constituição do Reino’, do projeto de Deus, e apresenta-nos o programa de Jesus.

Estamos perante o grande Sermão/discurso, o Sermão da Montanha. Neste rolo há um fio condutor quando Jesus diz: “Ouvistes o que foi dito aos antigos, porém eu digo…”

E disse:

  • Como viver as Bem-aventuranças;
  • Como viver e entender a nova Lei, que já sabemos que é a lei do Amor, perceber o que é esmola, perceber a importância da oração e perceber o porquê do jejum;
  • Compreender a importância do sal que somos da terra

… tal como Jesus, temos que ser luz. Ser luz é mais, muito mais que ser colunável, é ser exemplo e viver segundo este/estes modelos que nos foram dados e mostrados.

Costumamos dizer que ‘o sol quando nasce é para todos’, não é apenas para alguns, para os melhores. Então, é isso que estamos chamados a ser: luz, pelo exemplo e pelo modo como vivemos e como estamos para os outros, isto é, para todos.

Leitura do Sermão da Montanha

Capítulos 5,6 e 7

Mt 5

1Ao ver as multidões, subiu ao monte e, tendo-se sentado, vieram ter com Ele os seus discípulos; 2e, tomando a palavra, ensinava-os, dizendo:

3«Felizes os pobres no espírito, porque deles é o reino dos céus.

4Felizes os que se lamentam, porque eles serão consolados.

5Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra.

6Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados.

7Felizes os misericordiosos, porque para eles haverá misericórdia.

8Felizes os puros de coração, porque eles verão Deus.

9Felizes os que fazem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus.

10Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

11Felizes sois quando vos insultarem, vos perseguirem e mentindo disserem todo o mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque a vossa recompensa é grande nos céus, pois do mesmo modo perseguiram os profetas antes de vós».

 13«Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se salgará? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.

14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no cimo de um monte; 15nem se acende uma candeia e se a coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, pois assim brilha para todos os que estão na casa. 16Deste modo brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus».

17«Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim abolir, mas cumprir. 18Amen vos digo: até que passe o céu e a terra, não passará uma só letr ou um só traço da Lei, até que tudo aconteça. 19Aquele, pois, que quebrar um destes mandamentos, por mais pequeno que seja, e assim ensinar os homens, será chamado o mais pequeno no reino dos céus; mas aquele que os praticar e os ensinar será chamado grande no reino dos céus.

20Digo-vos pois: se a vossa justiça não superar a dos doutores da lei e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus».

21«Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás, e aquele que matar será réu no juízo. 22Mas Eu digo-vos: todo aquele que se irar contra o seu irmão será réu no juízo; e aquele que disser a seu irmão “Imbecil!” será réu no sinédrio; e aquele que lhe disser “Louco!” será sujeito à Geena do fogo. 23Portanto, se, ao apresentares a tua oferta sobre o altar, aí te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa aí a tua oferta diante do altar e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão, e então virás apresentar a tua oferta. 25Sê benévolo com o teu adversário, sem demora, enquanto estás com ele no caminho, não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz ao guarda, e sejas lançado na prisão. 26Amen te digo: não sairás de lá até que restituas o último cêntimo».

27«Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério. 28Mas Eu digo-vos: todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti motivo de escândalo, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois é melhor para ti que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado na Geena. 30Se a tua mão direita é para ti motivo de escândalo, corta-a e atira-a para longe de ti, pois é melhor para ti que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo vá para a Geena».

31«Também foi dito: Quem repudiar a sua mulher, dê-lhe um documento de divórcio. 32Mas Eu digo-vos: todo aquele que repudia a sua mulher – a não ser em caso de promiscuidade – faz com que ela incorra em adultério, e aquele que se casar com uma repudiada, comete adultério».

3«Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás em falso, mas cumprirás com os teus juramentos ao Senhor. 34Mas Eu digo-vos: não jureis de todo, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o estrado dos seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36Nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar branco ou preto um só dos teus cabelos. 37Mas seja a vossa palavra: “Sim, sim”, “Não, não”; o que for além disto vem do Maligno».

38«Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente 39Mas Eu digo-vos: não resistais ao que vos fizer mal pelo contrário, àquele que te bate na face direita apresenta-lhe também a outra. 40E àquele que te quer levar a tribunal para te tirar a túnica, deixa-lhe também a capa. 41E aquele que te forçar a caminhar uma milha, vai com ele duas. 42Dá a quem te pede, e a quem te quiser pedir emprestado, não voltes as costas».

43«Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44Mas Eu digo-vos: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem, 45para vos tornardes filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz despontar o seu sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos. 46Pois, se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47E se saudardes apenas os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Não fazem os pagãos também o mesmo? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito».

 

Mt 6

1«Tende cuidado em não praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles! De contrário, não tereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2Quando, pois, deres esmola, não faças soar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Ámen vos digo: já receberam a sua recompensa. 3Tu, porém, quando deres esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, 4para que a tua esmola fique no segredo, e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará».

5«Quando rezardes, não sejais como os hipócritas: gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos pelos homens. Ámen vos digo: já receberam a sua recompensa. 6Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, reza ao teu Pai, que está no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.

7Quando rezardes, não useis vãs repetições, como fazem os pagãos, pois pensam que, pelo seu muito falar, serão escutados. 8Portanto, não sejais como eles, pois o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de vós lho pedirdes.

9Vós, pois, rezai assim:

Pai nosso, que estás nos céus,

santificado seja o teu nome,

10venha o teu reino,

seja feita a tua vontade,

como no céu, assim também na terra.

11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

12Perdoa-nos as nossas ofensas,

como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido,

13e não nos leves até à provação,

mas livra-nos do Maligno.

14Pois, se perdoardes aos homens as suas transgressões, também o vosso Pai celeste vos perdoará; 15mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não perdoará as vossas transgressões».

16«Quando jejuardes, não façais um ar pesaroso como os hipócritas que desfiguram os seus rostos para mostrarem aos homens que jejuam. Ámen vos digo: já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto, 18para não mostrares aos homens que jejuas, mas apenas ao teu Pai, que está no escondido; e o teu Pai, que vê no escondido, te recompensará».

19«Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e a corrosão os fazem desaparecer e onde os ladrões os pilham e roubam. 20Mas acumulai para vós tesouros no céu, onde não há traça nem corrosão para os fazer desaparecer e onde os ladrões não os pilham nem roubam. 21Pois onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração».

22«A candeia do corpo é o olho. Por isso, se o teu olho for límpido, todo o teu corpo será luminoso; 23mas se o teu olho for mau, todo o teu corpo será trevas. Portanto, se a luz que há em ti é trevas, quão grandes serão essas trevas!».

24«Ninguém pode servir a dois senhores, pois ou odiará um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas».

25«Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida quanto ao que haveis de comer ou que haveis de beber, nem com o vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que a roupa? 26Fixai o olhar nas aves do céu: não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros, e o vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós mais do que elas? 27Quem de vós, por se preocupar, é capaz de acrescentar um cúbito ao tempo da sua vida? 28E porque vos preocupais com a roupa? Observai como crescem os lírios do campo; não se afadigam nem fiam. 29Digo-vos que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós, gente de pouca fé? 31Por isso não vos preocupeis, dizendo: “o que havemos de comer?”, ou “o que havemos de beber?”, ou “o que havemos de vestir?”, 32pois os pagãos é que procuram tudo isso. O vosso Pai celeste sabe que precisais de tudo isso. 33Procurai, primeiro, o reino de Deus e a sua justiça; e tudo isso vos será dado por acréscimo. 34Portanto, não vos preocupeis com o amanhã, porque o amanhã preocupar-se-á consigo próprio. A cada dia bastam os seus males».

 

 

Mt 7

1«Não julgueis, para não serdes julgados. 2Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que medirdes sereis medidos. 3Porque vês o cisco que está no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? 4Ou como dirás ao teu irmão: “Deixa que tire o cisco do teu olho”, se tens uma trave no teu olho? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então verás com clareza para tirar o cisco do olho do teu irmão».

6«Não deis o que é santo aos cães, nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, não aconteça que eles as espezinhem com as suas patas e, voltando-se, vos destrocem».

7«Pedi e ser-vos-á dado, procurai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á; 8pois todo o que pede recebe, o que procura encontra, e ao que bate abrir-se-á. 9Ou haverá um homem entre vós a quem o seu filho peça um pão, e lhe dê uma pedra? 10Ou que lhe peça um peixe, e lhe dê uma serpente? 11Ora se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas àqueles que lhe pedem!».

12«Portanto, tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, assim fazei também vós a eles; pois esta é a Lei e os Profetas».

13«Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. 14Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que a encontram!».

15«Tende cuidado com os falsos profetas, que vêm ter convosco com pele de ovelha, mas, por dentro, são lobos vorazes! 16Pelos seus frutos os reconhecereis. Porventura apanham-se uvas dos espinhos ou figos dos cardos? 17Assim, toda a árvore boa dá bons frutos, enquanto a árvore que não presta dá frutos maus. 18Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore que não presta dar bons frutos. 19Toda a árvore que não der bons frutos corta-se e deita-se ao fogo. 20Portanto, pelos seus frutos os reconhecereis. 21Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos? Não foi em teu nome que expulsámos demónios? Não foi em teu nome que fizemos numerosas ações poderosas?”. 23Confessar-lhes-ei então: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade!”».

24«Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será semelhante a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e abateram-se sobre aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. 26Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, será semelhante a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e lançaram-se contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua queda».

28Aconteceu então que, quando Jesus acabou de dizer estas palavras, as multidões estavam perplexas com o seu ensinamento, 29pois ensinava-os como quem tem autoridade e não como os seus doutores da lei.

E entramos no segundo rolo, o chamado rolo apostólico. Aqui podemos ler o Discurso missionário, o Sermão número dois, capítulo 10.

É-nos dito qual é e qual deve ser a atitude dos seguidores de Jesus.

Só naquele tempo?

E nós?

Jesus, hoje, continua presente e nós, todos nós, também somos seus seguidores, também somos seus missionários.

E Jesus vai enumerando quais são as suas tarefas, vai dizendo quem são os seus missionários, quem são os pregadores do Reino. E vai informando sobre o modo de vida, como ser e como viver. E vai mais longe, ao dizer onde e como hospedar-se nas viagens missionárias e como agir em caso de rejeição. Jesus o professor, aquele que vai formando e informando sobre o caminho!

Leitura do Sermão Missionário

Capítulo 10

Mt 10

1Chamando, então, a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos impuros, para que os expulsassem e curassem toda a doença e toda a enfermidade.

2São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, o chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que o entregou.

5Foram estes os Doze que Jesus enviou, depois de lhes ordenar, dizendo: «Não tomeis o caminho dos pagãos, nem entreis em cidade de samaritanos; 6ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7Ao ir, proclamai, dizendo que está próximo o reino dos céus. 8Curai os que estão doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes como dom, dai como dom. 9Não procureis ouro, prata ou cobre para guardar nos vossos cintos, 10nem bolsa para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bastão; pois o trabalhador é digno do seu sustento.

11Na cidade ou povoação em que entrardes, indagai se há nela alguém digno, e permanecei lá até sairdes. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz, mas se não for digna, volte para vós a vossa paz. 14E se alguém não vos acolher nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes dessa casa ou dessa cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15Amen vos digo: no dia do juízo, haverá mais tolerância para a terra de Sodoma e de Gomorra do que para essa cidade».

16«Eis que Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17Tende cuidado com os homens, porque vos hão de entregar aos sinédrios e nas suas sinagogas vos hão de chicotear! 18À presença de governadores e reis sereis levados por causa de mim, para lhes dar testemunho, a eles e aos pagãos. 19Quando vos entregarem, não vos preocupeis como ou com o que dizer: ser-vos-á dado, naquela hora, o que dizer, 20pois não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai a falar em vós.

21O irmão entregará o irmão à morte, e o pai o filho; os filhos hão de levantar-se contra os pais e causar-lhes a morte. 22Sereis odiados por todos por causa do meu nome; mas o que perseverar até ao fim, esse será salvo. 23Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Pois ámen vos digo: não acabareis de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem».

24«Um discípulo não está acima do mestre, nem um servo acima do seu senhor. 25Basta ao discípulo ser como o seu mestre e ao servo como o seu senhor. Se ao senhor da casa chamaram Belzebu, quanto mais aos da sua casa!

26Portanto, não tenhais medo deles, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem escondido que não venha a conhecer-se. 27O que eu vos digo às escuras, dizei-o às claras, e o que ouvis com os ouvidos, proclamai-o sobre os telhados. 28Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Tende, antes, medo de quem pode destruir a alma e o corpo na Geena. 29Não se vendem dois pardais por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai. 30Ora, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. 31Por isso, não tenhais medo: vós valeis mais do que muitos pardais. 32Todo aquele que me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. 33Porém, aquele que me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.

34Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz, mas a espada. 35Vim, de facto, separar:

um homem do seu pai,

uma filha da sua mãe,

uma nora da sua sogra;

36os inimigos do homem serão os da sua casa.

37Quem gosta do pai ou da mãe, mais do que de mim, não é digno de mim, e quem gosta do filho ou da filha, mais do que de mim, não é digno de mim. 38E aquele que não toma a sua cruz e segue atrás de mim, não é digno de mim.

39Quem encontra a sua vida há de perdê-la, e quem perde a sua vida por causa de mim há de encontrá-la. 40Quem vos acolhe, a mim acolhe, e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou. 41Quem acolhe um profeta por ele ser profeta, terá uma recompensa de profeta, e quem acolhe um justo por ele ser justo, terá uma recompensa de justo. 42Aquele que der a beber a um destes pequenos, nem que seja um copo de água fresca, por ser discípulo, ámen vos digo: jamais perderá a sua recompensa».

O terceiro rolo contém as “parábolas do Reino”, o grande discurso das parábolas. Aqui há uma aproximação ao Reino de Deus.

Estamos no rolo do meio o rolo das parábolas e são sete!

Sete dias da Criação!

Sete parábolas!

E são todas bem conhecidas: o semeador que saiu a semear; o trigo e o joio; o grão de mostarda; o fermento; o tesouro escondido; o negociante de pérolas; a rede. Ufa, fiquei cansada!

Vamos ouvi-las?

Leitura do Sermão Parabólico

Capítulo 13

Mt 13

 1Naquele dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se junto ao mar. 2E reuniram-se junto dele tão numerosas multidões que Ele teve de entrar num barco e sentar-se. Toda a multidão estava de pé na praia. 3Falou-lhes, então, de muitas coisas em parábolas, dizendo:

«Eis que saiu o semeador a semear. 4E, ao semear, uma parte caiu junto ao caminho: vieram as aves e devoraram-na. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra, e imediatamente germinou, por não ter profundidade de terra. 6Ao despontar o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. 7Outra parte caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e abafaram-na. 8Outra parte, porém, caiu em terra boa e deu fruto: ora cem, ora sessenta, ora trinta. 9Quem tem ouvidos, ouça».

10E, aproximando-se, os discípulos disseram-lhe: «Por que razão lhes falas em parábolas?». 11Ele, respondendo, disse-lhes: «Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não foi dado. 12Pois àquele que tem, ser-lhe-á dado e acrescentado; mas àquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 13Por isso lhes falo em parábolas: porque vendo, não veem, e ouvindo, não ouvem nem entendem. 14Assim, neles se cumpre plenamente a profecia de Isaías, que diz:

Com o ouvido haveis de ouvir, mas nunca entendereis,

olhando, olhareis, mas nunca

vereis.

15Porque se endureceu o coração deste povo,

e com dureza os seus ouvidos ouviram

e fecharam os seus olhos.

Não aconteça que vejam com os olhos,

e com os ouvidos ouçam,

e com o coração entendam,

e voltem atrás e eu os cure.

16Felizes os vossos olhos porque veem, e os vossos ouvidos porque ouvem. 17Amen vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram».

18«Vós, portanto, ouvi a parábola do semeador. 19Todo aquele que ouve a palavra do reino e não entende, vem o Maligno e apodera-se do que foi semeado no seu coração: este é aquele que foi semeado junto ao caminho. 20O que foi semeado em terreno pedregoso é o que ouve a palavra e imediatamente a recebe com alegria, 21mas, como não tem raiz em si mesmo, dura pouco; ao surgir uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, imediatamente cai por motivo de escândalo. 22O que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, e não produz fruto. 23O que foi semeado em terra boa, este é o que ouve a palavra e a entende, e este dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta».

24Apresentou-lhes outra parábola, dizendo: «O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Mas, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. 26Quando a planta começou a germinar e a dar fruto, apareceu também o joio. 27Então os servos, indo ter com o senhor da casa, disseram-lhe: “Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? De onde vem então o joio?”. 28Ele disse-lhes: “Foi um inimigo que fez isso”. Os servos disseram-lhe: “Queres que o vamos apanhar?”. 29Ele, porém, disse: “Não, não aconteça que, ao apanhardes o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai-os crescer juntos até à ceifa, e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: ‘apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro'”».

31Apresentou-lhes outra parábola, dizendo: «O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. 32É a mais pequena de todas as sementes, mas quando cresce é maior que as plantas da horta, e torna-se árvore, de tal modo que as aves do céu vêm habitar nos seus ramos».

33Disse-lhes outra parábola: «O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que tudo fermentasse».

34Jesus disse todas estas coisas às multidões em parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia, 35para que se cumprisse o que foi dito por meio do profeta que diz:

Abrirei em parábolas a minha boca,

proclamarei coisas escondidas desde a fundação do mundo.

36Então, despedindo as multidões, foi para casa. Os seus discípulos foram ter com Ele, dizendo: «Explica-nos a parábola do joio do campo». 37Ele, em resposta, disse: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; 38o campo é o mundo; a boa semente, esses são os filhos do reino; o joio são os filhos do Maligno; 39o inimigo que o semeia é o Diabo; a ceifa é o fim dos tempos; os ceifeiros são os anjos. 40Assim como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim dos tempos: 41o Filho do Homem enviará os seus anjos que hão de recolher do seu reino todos os que são motivo de escândalo e os que praticam a iniquidade, 42e hão de lançá-los na fornalha ardente; aí haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão como o sol no reino do seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça».

44«O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem ao encontrar escondeu, e na sua alegria vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo.

45O reino dos céus também é semelhante a um comerciante que procura belas pérolas. 46Ao encontrar uma pérola de muito valor, foi vender tudo quanto tinha e comprou-a».

47«O reino dos céus é também semelhante a uma rede que, lançada ao mar, juntou todo o género de peixe. 48Quando se encheu, puxaram-na para a praia e, sentados, recolheram o que é bom nos cestos e atiraram fora o que não prestava. 49Assim será no fim dos tempos: sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, 50lançando-os na fornalha ardente; aí haverá choro e ranger de dentes».

51«Entendestes tudo isto?». Disseram-lhe: «Sim». 52Então Ele disse-lhes: «Por isso, todo o doutor da lei que se torna discípulo do reino dos céus é semelhante a um senhor da casa, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas».

53E aconteceu que, quando Jesus acabou de dizer estas parábolas, saiu dali. 54Tendo ido para a sua terra natal, ensinava-os nas suas sinagogas, de tal modo que eles ficavam perplexos e diziam: «De onde lhe vem esta sabedoria e estes poderes? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama a sua mãe Maria, e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E as suas irmãs não estão todas entre nós? De onde lhe vem então tudo isto?». 57E escandalizavam-se com Ele. Jesus, porém, disse-lhes: «Um profeta não é desprezado senão na terra natal e na sua casa». 58E não fez ali muitas ações poderosas, por causa da falta de fé deles.

O quarto rolo fala-nos do “ensinamento comunitário”

Jesus mostra-nos como viver em comunidade e em Igreja. Todos somos Igreja, todos somos responsáveis por todos, isto é, somos responsáveis uns pelos outros.

E estamos perante várias catequeses para nos interpelarem:

  • Qual é o mais importante, o maior? perguntam os apóstolos;
  • E em caso de escândalo, o que fazer?
  • Como tratar e cuidar dos mais necessitados?
  • … e se me desvio, se peco, se me afasto do Reino?
  • … e em caso de ofensa?

Tantas perguntas!

Vamos escutar as respostas do Mestre?

Leitura do Sermão Eclesiológico/Comunitário

Capítulo 18

Mt 18

1Naquela hora, os discípulos foram ter com Jesus, dizendo: «Quem é, então, o maior no reino dos céus?». 2Ele, chamando a si uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: «Ámen vos digo: se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, jamais entrareis no reino dos céus. 4Por isso, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. 5E aquele que acolher uma criança como esta em meu nome é a mim que acolhe».

6«Mas aquele que for motivo de escândalo para um destes pequeninos que acreditam em mim, seria preferível para ele que se lhe prendesse uma mó de moinho à volta do pescoço e fosse atirado ao fundo do mar. 7Ai do mundo por causa dos escândalos! De facto, é inevitável que venham os escândalos; contudo, ai do homem por meio do qual o escândalo vem!

8Se, porém, a tua mão ou o teu pé são para ti motivo de escândalo, corta-os e lança-os para longe de ti; é melhor para ti entrar na vida estropiado ou coxo do que, tendo duas mãos e dois pés, ser lançado no fogo. 9E se o teu olho é para ti motivo de escândalo, tira-o e lança-o para longe de ti; é melhor para ti com um só olho entrar na vida do que, tendo dois olhos, ser lançado na Geena do fogo.

10Vede bem: não desprezeis nenhum destes pequeninos, pois digo-vos que os seus anjos, nos céus, veem para sempre o rosto do meu Pai que está nos céus». (11)

12«Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se tresmalhar, não deixará as noventa e nove nos montes e irá procurar a que se tresmalhou? 13E se acontecer encontrá-la, ámen vos digo: alegra-se mais por ela do que pelas noventa e nove que não se tresmalharam. 14Do mesmo modo, não é da vontade do vosso Pai que está nos céus que se perca nem um destes pequeninos».

15«Se o teu irmão pecar contra ti, vai ter com ele e repreende-o, e que o assunto seja só entre ti e ele. Se te ouvir, ganhaste o teu irmão. 16Mas, se não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja confirmada pela boca de duas ou três testemunhas. 17Mas, se não os quiser escutar, di-lo à Igreja. Mas, se também não escutar a Igreja, que ele seja para ti como um pagão ou um publicano. 18Amen vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. 19De novo, ámen vos digo: se dois de vós, na terra, se puserem de acordo para pedir seja o que for, isso lhes será feito pelo meu Pai que está nos céus. 20De facto, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles».

21Então, aproximando-se, Pedro disse-lhe: «Senhor, até quantas vezes pecará o meu irmão contra mim, e lhe perdoarei? Até sete vezes?». 22Disse-lhe Jesus: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o reino dos céus é semelhante a um certo rei que queria acertar contas com os seus servos. 24Ao começar a acertá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, o senhor ordenou que fossem vendidos ele, a mulher, os filhos e tudo quanto tinha, e que lhe fosse paga a dívida. 26Então, o servo, caindo por terra, ajoelhou-se diante dele, dizendo: “Tem paciência comigo, e tudo te pagarei”. 27Profundamente compadecido, o senhor daquele servo deixou-o ir e perdoou-lhe a dívida. 28Mas, ao sair, aquele servo encontrou um dos seus companheiros de servidão que lhe devia cem denários, agarrou-o e sufocava-o, dizendo: “Paga o que deves”. 29O companheiro de servidão, caindo por terra, suplicava-lhe, dizendo: “Tem paciência comigo, e pagar-te-ei”. 30Mas ele não queria; pelo contrário, foi lançá-lo na prisão, até que pagasse o que devia.

31Ora os seus companheiros de servidão, ao verem o que aconteceu, ficaram profundamente tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que acontecera. 32Então o senhor, chamando-o a si, disse-lhe: “Servo mau, perdoei-te toda aquela dívida, uma vez que me suplicaste. 33Não era necessário também tu teres misericórdia do teu companheiro de servidão, como também eu tive misericórdia de ti?”. 34E, irado, o senhor entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que devia. 35Assim também vos fará o meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao seu irmão».

E chegamos ao quinto rolo.

É o rolo que nos fornece o ensinamento da “vinda do Reino”

Quando se fala na “vinda do Reino” vem-nos logo à lembrança o “fim dos tempos”.

Este é o sermão escatológico e aponta para a segunda vinda de Cristo.

E isto gerou tanta confusão naquelas cabeças!

Mas… estamos perante um alerta, um aviso para aqueles que querem viver segundo o Reino e para o Reino.

Ao contrário do que pensaram e esperaram aqueles que ouviram isto, não se tratava de uma situação imediata e próxima, mas de um alerta que seguiam e queriam seguir Jesus.

Estes dois capítulos do quinto rolo vão dando sinais e informações sobre os sinais que antecedem o “fim dos tempos”: quando será o dia e a hora, quando virá o “Filho do Homem”?

Qual deverá ser a nossa atitude?

Deveremos estar permanentemente alerta e vigilantes?

Qual será a nossa responsabilidade no meio de tudo isto?

Como nos devemos preparar?

E o “Juízo Final”?

Vamos ver como Mateus nos responde.

Leitura do Sermão Escatológico

Capítulos 24 e 25

Mt 24

1Quando Jesus saiu do templo e se ia embora, vieram ter com Ele os seus discípulos para lhe mostrarem os edifícios do templo. 2Mas Ele, em resposta, disse-lhes: «Não vedes tudo isto? Ámen vos digo: não ficará aqui pedra sobre pedra que não venha a ser derrubada!».

3Quando Ele estava sentado no Monte das Oliveiras, vieram ter com Ele os discípulos a sós, dizendo: «Diz-nos: quando será isso e qual o sinal da tua vinda e da consumação dos tempos?». 4Respondendo, Jesus disse-lhes «Tomai cuidado para que ninguém vos engane! 5Pois muitos virão em meu nome, dizendo “Eu sou o Cristo”, e a muitos hão de enganar. 6Estais prestes a ouvir falar de guerras e de rumores de guerras. Vede bem, não vos assusteis; é necessário que isto aconteça, mas ainda não é o fim. 7Pois há de levantar-se povo contra povo e reino contra reino; haverá fome e tremores de terra por todo o lado. 8Todas estas coisas serão o princípio das dores de parto.

9Hão de entregar-vos, então, à tribulação e matar-vos; sereis odiados por todos os povos por causa do meu nome. 10Então muitos se escandalizarão, hão de atraiçoar-se uns aos outros, e uns aos outros se hão de odiar. 11Muitos falsos profetas se hão de erguer e enganar a muitos 12e, por crescer a iniquidade, esfriará o amor de muitos. 13Mas o que perseverar até ao fim, esse será salvo. 14Este evangelho do reino será proclamado em todo o mundo habitado, como testemunho para todos os povos, e então virá o fim».

15«Quando virdes a abominação da desolação, dita por meio do profeta Daniel posta no lugar santo – quem lê que compreenda! –, 16então os que estiverem na Judeia fujam para os montes, 17quem estiver no terraço não desça para apanhar as coisas da sua casa 18e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa. 19Ai daquelas que tiverem um filho no ventre e das que amamentarem naqueles dias!

20Rezai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem ao sábado. 21É que haverá então uma grande tribulação, como não aconteceu desde o princípio do mundo até agora, nem jamais acontecerá. 22E, se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria. Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados.

23Então, se alguém vos disser: “Eis aqui o Cristo” ou “ali”, não acrediteis, 24pois hão de erguer-se falsos cristos e falsos profetas que oferecerão grandes sinais e prodígios, de modo a enganar, se possível, até os eleitos. 25Eis que já vo-lo tinha predito. 26Assim, se vos disserem: “Ei-lo, está no deserto”, não saiais; “Ei-lo no interior das casas”, não acrediteis. 27Pois assim como o relâmpago surge do oriente e é visível até ao ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. 28Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres».

29«Imediatamente, depois da tribulação daqueles dias, o sol ficará escuro, a lua não dará o seu brilho, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. 30Aparecerá, então, o sinal do Filho do Homem no céu, e então baterão no peito todas as tribos da terra, ao verem o Filho do Homem a vir sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. 31E enviará os seus anjos, com uma grande trombeta, e eles reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma extremidade à outra dos céus».

32«Aprendei com a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros, e brotam as folhas, sabeis que o verão está próximo; 33assim também vós, quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, mesmo à porta. 34Amen vos digo: não passará esta geração, até que todas estas coisas aconteçam. 35O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.

36Quanto a esse dia e a essa hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, apenas e só o Pai».

37«Pois assim como foram os dias de Noé, assim será a vinda do Filho do Homem. 38De facto, tal como naqueles dias antes do dilúvio comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, 39e não se aperceberam, até que veio o dilúvio e a todos levou, assim também será a vinda do Filho do Homem. 40Então, dois estarão no campo: um será levado e um deixado; 41duas estarão a moer no moinho: uma será levada e uma deixada.

42Portanto, estai vigilantes, porque não sabeis em que dia o vosso Senhor vem. 43Pensai nisto: se o senhor da casa soubesse em que vigília da noite viria o ladrão, teria estado vigilante e não teria permitido que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, estai também vós preparados, porque à hora em que menos pensais vem o Filho do Homem».

45«Quem é, portanto, o servo fiel e prudente que o senhor colocou à frente da sua casa para lhes dar o alimento no tempo oportuno? 46Feliz aquele servo que, quando vier o seu senhor, o encontrar a fazer assim. 47Amen vos digo: colocá-lo-á à frente de todos os seus bens. 48Mas, se aquele mau servo disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir”, 49e começar a bater nos seus companheiros de servidão, a comer e a beber com os bêbados, 50virá o senhor daquele servo no dia em que menos espera e na hora que não conhece, 51há de cortá-lo ao meio e dar-lhe-á a sorte dos hipócritas [9]; aí haverá choro e ranger de dentes».

Mt 25

1«Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, levando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. 2Cinco delas eram insensatas e cinco eram ponderadas. 3As insensatas, ao levarem as suas candeias, não levaram o azeite consigo. 4As ponderadas, porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as suas candeias. 5Como o noivo tardava, ficaram todas com sono e adormeceram. 6A meio da noite surgiu um grito: “Eis o noivo! Saí ao seu encontro!”. 7Então, todas aquelas virgens levantaram-se e começaram a preparar as suas candeias. 8As insensatas disseram às ponderadas: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias se estão a apagar”. 9Mas as prudentes responderam, dizendo: “Não aconteça que não chegue para nós e para vós, o melhor é irdes aos vendedores e comprá-lo para vós”. 10Enquanto elas o foram comprar, veio o noivo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas e a porta foi fechada. 11Mais tarde, vieram também as restantes virgens, dizendo: “Senhor, senhor, abre-nos a porta!”. 12Mas ele, em resposta, disse: “Ámen vos digo: não vos conheço”. 13Portanto, estai vigilantes, porque não sabeis nem o dia nem a hora».

14«É como um homem que, ao partir em viagem, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e partiu em viagem. Imediatamente, 16o que recebera cinco talentos foi negociar com eles e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. 18Mas o que recebera um, afastando-se, fez uma cova na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19Muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e pôs-se a ajustar as contas com eles. 20Aproximando-se o que recebera cinco talentos, apresentou outros cinco talentos, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis outros cinco talentos que ganhei”. 21Disse-lhe o seu senhor: “Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel no pouco, à frente de muito te hei de colocar; entra na alegria do teu senhor”. 22Aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos; eis outros dois talentos que ganhei”. 23Disse-lhe o seu senhor: “Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel no pouco, à frente de muito te hei de colocar; entra na alegria do teu senhor”. 24Aproximando-se também o que tinha recebido um talento, disse: “Senhor, sabendo que tu és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes de onde não espalhaste, 25tive medo e fui esconder o teu talento na terra. Eis aqui o que é teu[“. 26E, em resposta, o seu senhor disse-lhe: “Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho de onde não espalhei. 27Devias, portanto, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e eu, ao voltar, recuperaria com juros o que é meu. 28Tirai-lhe o talento e dai-o ao que tem dez talentos. 29Pois a todo o que tem será dado e acrescentado, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30E a esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes”».

31«Quando vier o Filho do Homem na sua glória, e todos os anjos com Ele, então sentar-se-á no trono da sua glória. 32Reunir-se-ão diante dele todos os povos, e separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33Porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o rei dirá aos da sua direita: “Vinde, benditos do meu Pai; herdai o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. 35Pois tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era estrangeiro e acolhestes-me, 36estava nu e vestistes-me, estava doente e visitastes-me, estava na prisão e fostes ter comigo”. 37Então responder-lhe-ão os justos, dizendo: “Senhor, quando é que te vimos com fome e te alimentámos, ou com sede e te demos de beber? 38Quando é que te vimos estrangeiro e te acolhemos, ou nu e te vestimos? 39Quando é que te vimos doente ou na prisão e fomos ter contigo?” 40E, respondendo, o rei lhes dirá: “Amen vos digo: quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”. 41Então dirá também aos do lado esquerdo: “Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e para os seus anjos, 42pois tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, 43era estrangeiro e não me acolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não me visitastes. 44Então também eles responderão, dizendo: “Senhor, quando é que te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou doente, ou na prisão e não te servimos?” 45Então responder-lhes-á, dizendo: “Ámen vos digo: quantas vezes o não fizestes a um destes mais pequenos, também a mim o não fizestes”. 46Estes partirão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna».

 

Como conclusão, podemos afirmar que nestes cinco livros, esta é a Nova Torah, é a Torah do Reino.

Nestes rolos podemos ver e sentir a segunda Lei de Israel, a Lei que nós queremos seguir e proclamar, porque é a Lei do Amor e porque continuamos a construir o tal Reino de Deus.

 

Celebração do Domingo da Palavra-Paróquia de Vilar de Andorinho (PDF)